Soldado do Exército Igor Peixoto Dias,18 anos, foi a 28ª vítima de latrocínio do ano na Capital. Ele foi morto diante de três amigos com um tiro no pescoço durante um assalto na Avenida Monte Cristo, no bairro Vila Nova, na zona sul da cidade, no início da madrugada deste segunda-feira.
A morte do jovem foi a terceira em Porto Alegre desde a chegada da Força Nacional, há um mês. Ou seja: se mantém a média de um caso a cada dez dias, mesmo com o reforço de 136 policiais vindos de outros Estados.
Leia mais
BM faz cerco a criminosos que atacaram banco em Canoas
Homem é morto no pátio de casa, em Viamão
Soldado do exército foi morto enquanto tirava jaqueta para entregar aos assaltantes
BM quer tempo
À frente do Comando de Policiamento da Capital e responsável pelas operações da Força Nacional na Capital, coronel MárioIkeda diz que é preciso tempo até que o incremento de policiais tenha efeito na comunidade. Segundo ele, o patrulhamento tem trazido sensação de segurança, embora o tipo de crime que mais assusta a população continue em evidência.
– Não vai ser o emprego imediato de 136 policiais que vai trazer um efeito imediato para a redução de criminalidade, mas contribui, aumenta a sensação de segurança. Para acabar, a coisa precisa ser mais ampla.
Na mira deles
Setembro começou com o latrocínio do taxista Cristiano Carlosso da Silva, 39 anos. Ele foi morto a facadas em uma emboscada para assaltá-lo no Morro da Cruz.
Cinco dias depois,o PM aposentado Roberto Pinceta, 52 anos, foi surpreendido por um assaltante enquanto manobrava o carro na Avenida Otto Niemeyer, no Bairro Cavalhada. Ele foi atingido por um tiro na cabeça, chegou a ficar internado, mas morreu três dias depois.
Após 12 dias, o soldado do Exército foi quem perdeu a vida por estar na mira de assaltantes.
Com homenagem
Familiares, amigos e a namorada de Igor tiveram pouco tempo para se despedir dele. O corpo chegou ao Cemitério São José Vila Nova às 17h e o sepultamento estava programado para as 18h. Militares acompanharam o cortejo com homenagens. Igor havia iniciado as atividades no 8º Batalhão Logístico em março. Ele era responsável pela cozinha do batalhão.
Amigos do Exército escreveram mensagens de despedida em seu perfil no Facebook. Um deles lembrou dos conselhos de Igor para matar a saudade da família durante os períodos de treinamento.
– Sempre nos dizia:‘temos que saber lidar com a saudade se quisermos ser um bom soldado’. Hoje eu estou aqui tentando usar seus conselhos novamente– lamentou o amigo.
Uma vida por uma jaqueta
Igor e três amigos caminhavam em direção à casa dele quando foram surpreendidos pelos criminosos. De acordo com o depoimento de um dos amigos, o grupo percebeu a aproximação de um Peugeot 307 prata com um dos faróis queimado.
Dois jovens armados desceram e anunciaram o assalto. Não satisfeitos em roubar cerca de R$ 40 e pertences,um dos assaltantes retornou e pediu a jaqueta de Igor.
– Pode ter dado algum problema na hora em que ele tirava a jaqueta e o assaltante disparou – contou o delegado Luciano Coelho.
O tiro atingiu Igor no pescoço. Ele ainda conseguiu correr por cerca de 100m até cair. O assaltante atirou outras duas vezes na direção dele.O jovem foi socorrido por moradores, mas não resistiu. Além do depoimento de testemunhas, o delegado espera que as imagens de câmeras da rua ajudem a identificar os criminosos.
"Não cabe só a nós da BM", desabafa comandante
À frente do Comando de Policiamento da Capital e responsável pelas operações da Força Nacional na cidade, o coronel Mário Ikeda tenta explicar porque o número de latrocínios segue alto.
Reportagem – Mesmo com a Força Nacional na cidade, o número de latrocínios não reduz. O trabalho não está surtindo efeito?
Mário Ikeda – O latrocínio é uma questão ampla, não vai ser o emprego imediato de 136 policiais que vai trazer um efeito imediato para a redução de criminalidade.
Reportagem – O senhor acredita que o emprego da Força Nacional tem contribuído para a segurança?
Ikeda – Contribui sim, aumenta a sensação de segurança. Mas, para acabar (com o crime), a coisa precisa ser mais ampla. Não cabe só a nós da Brigada Militar. Existe o problema da reincidência, muitos desses criminosos já foram presos e estão de volta na rua.
Reportagem – Se com a Força Nacional as mortes seguem acontecendo, qual é o plano?
Ikeda – Estamos trabalhando com operações focadas em homicídios e roubos. A operação Avante é um exemplo,temos 407 policiais militares mais o reforço dos 136 policiais da Força Nacional atuando nas regiões onde a incidência de crime é maior.
Reportagem – Mais alguma ação nova além do que já está sendo feito?
Ikeda – Além disso,não.
Segurança já
Média de um latrocínio a cada 10 dias se mantém em Porto Alegre
Soldado do Exército Igor Peixoto Dias, 18 anos, foi morto enquanto tirava jaqueta para entregar aos assaltantes na Capital.
Schirlei Alves
Enviar emailGZH faz parte do The Trust Project