A polícia ouviu, na manhã desta terça-feira, o depoimento de um agente da EPTC apontado como responsável por ter prejudicado o trabalho da Polícia Civil e da Brigada Militar – além de ter colocado diversos policiais em risco – durante as manifestações de rua de abril em Porto Alegre. Em mais de uma ocasião, o homem, de 33 anos, apontou um potente laser na direção dos helicópteros que realizavam o monitoramento dos protestos, prejudicando a visão dos pilotos.
Conforme o delegado Paulo César Jardim, titular da 1ªDP, o agente não respondeu aos questionamentos durante o depoimento:
– Ele apenas disse "nada a declarar" nas 19 perguntas que fizemos a ele.
A presença do laser, que já havia sido identificada em protestos anteriores, preocupou a polícia durante o ato do dia 17 de abril, quando um dos pilotos de um helicóptero da Brigada Militar teve a visão temporariamente cegada pelo dispositivo. Conforme o delegado Jardim, a aeronave não caiu pois o outro piloto conseguiu segurar o controle e manter o voo.
– O feixe de laser era tão forte que cobria toda a aeronave, deixando-a verde. E foi através dele que identificamos a origem da ação – explicou o delegado.
Segundo a polícia, o homem, que é funcionário da EPTC desde 2009, emitia a luz do terraço de seu apartamento. Câmeras acopladas aos helicópteros conseguiram registrar imagens da ação, o que permitiu à polícia identificar o responsável.
Ainda durante a manhã de terça-feira, a polícia cumpriu um mandado de busca e apreensão na casa do agente, onde encontrou equipamentos relacionados ao laser, como a caixa do objeto e aparatos para a montagem. Conforme o delegado, os raios do aparelho, cuja origem ainda é desconhecida, podem alcançar até 10 quilômetros de distância.
Após o depoimento, o homem, que não possui antecedentes, foi liberado. O inquérito, explica Jardim, será encaminhado à Justiça ainda durante esta semana. Ele foi indiciado por atentado contra a segurança de transporte marítimo, fluvial ou aéreo.
A EPTC informou, por meio da assessoria de imprensa, que aguarda o encaminhamento do caso na Justiça para avaliar se tomará alguma medida. A empresa destaca, no entanto, que os atos não ocorreram durante o horário de serviço do funcionário.