Matias Bueno Ferraz, 23 anos, acusado dos crimes de extorsão e pedofilia pela internet, será interrogado às 14h desta quinta-feira na 4ª Vara Criminal da Justiça Estadual em Santa Maria. Ele era estudante do curso de Arquitetura e Urbanismo do Centro Universitário Franciscano (Unifra).
Ele chegou a ser preso pelo crime de extorsão em 27 de abril. O jovem foi flagrado pela polícia ao extorquir dinheiro de uma vítima, dentro do Conjunto III da Unifra, para não publicar fotografias íntimas dela na internet. A vítima, no entanto, informou a polícia, que articulou um esquema que possibilitou o flagrante.
Ele também responde pelo crime de pedofilia, pois matinha armazenadas fotografias de pornografia infantil em um computador pessoal – fato apurado depois pela polícia.
Ferraz deixou a Penitenciária Estadual de Santa Maria (Pesm) após ter recebido da Justiça a liberdade provisória em 8 de setembro. O juiz Leandro Sassi, titular da 4ª Vara Criminal, entendeu que ele não representava mais perigo para a vítima.
Conforme o advogado de Ferraz, José Inácio da Conceição, durante o interrogatório nesta tarde seu cliente “vai responder a todos os questionamentos do juiz”.
“Ele já admitiu, por meio de carta, que deu início ao intercrime”, afirma. “Mas no caso específico da extorsão a essa vítima, ele já havia desistido do crime. Tanto é que ele foi abordado pela polícia no corredor, e não cometendo efetivamente o ato”.
A Polícia Civil aponta que Ferraz foi abordado em um prédio com luzes apagadas, exatamente onde havia exigido que a vítima tivesse deixado o dinheiro, e que só desistiu após ter percebido uma câmera instalada no local para gravar a sua ação.
Quando o advogado menciona o “intercrime”, ele se refere à forma de atuação de Ferraz (saiba mais abaixo). De acordo com o delegado André Diefenbach, titular da delegacia responsável pela investigação, ele fez vítimas em quatro cidades: Rio Grande, Nova Palma, São João do Polêsine e Santa Maria.
“Nós estamos coletando depoimentos dessas vítimas por meio de cartas precatórias”, diz. “Por ser um caso delicado, e ser necessário coletar os depoimentos em diferentes cidades para depois eu ter acesso, é demorado”.
Conforme o juiz Sassi, o interrogatório é o último passo para que ele possa emitir uma sentença.
Como era o esquema
O delegado Diefenbach explica:
"Através do hackeamento de redes sociais, ele obtinha fotografias íntimas de pessoas e através das fotografias ele extorquia dinheiro delas". A investigação confirmou que havia fotos de pornografia infantil no seu computador. "Havia fotografias de menores de idade em cenas, se não de sexo, de nudez ou em roupas íntimas", conta.
De acordo com o juiz Sassi, os computadores eram invadidos quando a vítima clicava em um link na rede social Facebook. Dessa forma, o jovem recebia pela rede logins e senhas da vítimas, o que possibilitava o acesso aos dispositivos onde estavam as fotos.