Um servidor público de uma Secretaria Estadual de Segurança e um policial estão entre os 51 presos nesta quarta-feira (15) na Operação Darknet, da Polícia Federal (PF). A ação tem o objetivo de identificar os produtores e divulgadores de material pornográfico infantil na internet. Entre os suspeitos também há um seminarista, um militar, um agente penitenciário e empresários dos mais diversos ramos. No Rio Grande do Sul seis pessoas foram presas nas cidades de Porto Alegre, Canoas e Gravataí. Nenhuma delas trabalha em órgãos públicos.
A operação também cumpriu mandados em 17 Estados e no Distrito Federal e em países da América Latina e Europa. Conforme o superintende da PF no Rio Grande do Sul, delegado Sandro Caron, os suspeitos responderão pelos crimes de divulgação de pornografia infantil e até estupro de vulnerável. "Eles não eram meros consumidores desse material. Em muitos casos eles produziam as gravações e consumavam o estupro", afirma
A investigação continua com a cooperação de policias internacionais. A operação Darknet começou há cerca de um ano e em fevereiro já houve prisões em Minas Gerais. Um pai, cuja filha nem havia nascido, confessou que abusaria a menina assim que ela nascesse. Um dos agentes da PF que acompanhou a ação, Luiz Walmocyr, relata que o que chamou a atenção da polícia foi a crueldade com que os crimes eram praticados."Em fóruns na iternet, os suepeitos consultavam como dopar os bebês para cometer os abusos ou pediam informações sobre fórmulas de "Boa Noite Cinderela", relata.
De acordo com a delegada Diana Kalazans Mann, não há um perfil específico de pessoa que comete crime de pedofilia. Segundo ela, os envolvidos, na maioria das vezes, são pessoas próximas às vítimas e que não levantam suspeitas. No Rio Grande do Sul, por exemplo, foram presos um técnico em informática, um técnico em telefonia, um professor de jiu-jitsu, um auxiliar de enfermagem, um porteiro e um estudante de matemática.
Para praticar os crimes, os suspeitos usavam uma área da internet conhecida como Deep Web, um local não rastreado pelos mecanismos de busca e inacessível ao usuário comum. É a primeira vez que essa área consegue se rastreamento pela polícia na América Latina. "Pela primeira vez, conseguimos investigar a internet profunda, e isso revela um amadurecimento do nosso trabalho, com um resultado muito positivo. É uma conquista para a sociedade a possibilidade de investigar essas pessoas que adquirem conhecimento para se ocultar da polícia", comenta Diana.
Além do Rio Grande do Sul, a Operação DarkNet ocorre nos estados do Amazonas,Amapá, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Minas Gerais, Pará, Pernambuco, Piauí,Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rondônia, Santa Catarina, São Paulo e Mato Grosso do Sul, além do Distrito Federal.
Ao todo, 106 pessoas foram identifacas como suspeitas de divulgação de material pornográfico na internet. Foram cumpridos 93 mandados de busca, de prisão e de condução coercitiva no país. O objetivo com as buscas é confirmar a identidade dos suspeitos e buscar elementos que comprovem os crimes de armazenamento e divulgação de imagens, além de abuso sexual de crianças e adolescentes. Outros 12 mandados seriam cumpridos em Portugal, Colômbia, México, Venezuela e Itália.
Segundo a PF, no decorrer da investigação, pelo menos seis crianças foram resgatadas de situações de abuso ou do iminente estupro, em Minas Gerais, Goiás e São Paulo.