Linfoma é um tipo de câncer originado no sistema linfático, formado por estruturas que têm como principais funções o controle de líquidos no organismo e a produção de células de defesa. A doença pode ser totalmente curada, mas para isso é importante o rápido reconhecimento dos sintomas, diagnóstico e início do tratamento.
Em pesquisa realizada pela Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia (Abrale) com mais de 1,3 mil pacientes, foi observado que aqueles que desenvolveram o linfoma de Hodgkin passam por diversos médicos na atenção primária, antes do diagnóstico final, provocando atraso no início do tratamento e, consequentemente, piora nos prognósticos de cura. Nos casos de linfoma não-Hodgkin, a pesquisa constatou que a busca pelo atendimento é de, em média, um mês, e que, depois, há dificuldades para a realização de exames diagnósticos.
— Muito dessa demora é, justamente, pela falta de conhecimento da população e até mesmo por deficiências nas ações da atenção primária em saúde a respeito desse tipo de câncer. Por isso, falar sobre os linfomas é o principal caminho para que o diagnóstico aconteça sempre de maneira precoce. É preciso desmistificar, também, o pensamento de que o câncer é uma doença incurável. No caso dos linfomas, hoje os prognósticos são muito positivos — alerta a médica Catherine Moura, CEO da Abrale.
Hodgkin e não-Hodgkin
O linfoma é um tipo de câncer que acomete as células responsáveis pela proteção imunológica do organismo, os linfócitos, que sofrem uma mutação e, ao invés de exercer seu papel natural de defesa, passam a se multiplicar e crescer desordenadamente. Atualmente, a doença é classificada em dois tipos: linfoma Hodgkin e não-Hodgkin, que são semelhantes em relação aos sintomas, diagnóstico e tratamento.
— O grau de perigo irá depender do subtipo, da idade do paciente e também do estágio em que o linfoma for descoberto. Um elemento essencial de ambos é a importância do diagnóstico precoce, para que os melhores desfechos clínicos, resultados do tratamento, possam ser alcançados — salienta Catherine.
O subtipo Hodgkin concentra cerca de 20% dos casos. É caracterizado pela presença de células grandes, conhecidas como células de Reed-Sternberg, em pelo menos um dos três linfonodos — estruturas do sistema linfático que se ficam na região do pescoço, virilha e axila. Outra característica deste câncer é que ele acomete mais comumente adultos jovens, na faixa dos 20 e 30 anos, embora possa ser diagnosticado em qualquer idade.
Os linfomas não-Hodgkin são um grupo que engloba mais de 80 tipos diferentes de câncer. A classificação mais específica, nesse caso, será feita após a avaliação dos exames diagnósticos, levando em conta as células afetadas, estágio em que se encontra, região que está mais acometida, além do tamanho, forma e padrão da mutação.
Sintomas
O principal sintoma é o inchaço dos linfonodos. Geralmente, surgem caroços duros, indolores e que aumentam de tamanho com o passar do tempo na região do pescoço, virilha e axila, podendo ocorrer em uma ou mais dessas áreas. Outras manifestações clínicas comuns são sudorese noturna, febre, perda de peso em motivo aparente, fadiga, febre, coceira e esplenomegalia (aumento do baço).
Prevenção
Ainda não se sabe determinar ao certo o que acarreta do surgimento de um linfoma. Dessa forma, a prevenção passa especialmente pela manutenção de hábitos de vida saudáveis. Alguns estudos apontam que a exposição prolongada a produtos químicos, deficiência do sistema imunológico, especialmente em casos de contaminação pelo vírus HIV, e doenças autoimunes podem aumentar os riscos de desenvolver a doença.
Tratamento
Por se tratar de um grupo heterogêneo de doenças, o tratamento vai variar conforme o subtipo do linfoma. No entanto, de maneira geral, quimioterapia, imunoterapia e transplante de medula óssea autólogo (quando é feito com células do próprio paciente) são algumas formas de combater este câncer.
— Estes tratamentos apresentam bons resultados, possibilitando a cura da doença em grande parte dos casos. Uma revolução da ciência, chamada CAR-T Cell, também se apresenta como uma nova modalidade terapêutica no tratamento do linfoma não-Hodgkin. Ela ainda vem sendo estudada, mas já é considerada uma importante esperança aos pacientes — afirma a CEO da Abrale.
Cenário no país
No Brasil, a estimativa atual é que cerca de 14 mil casos de linfoma sejam descobertos por ano no país. Na última década, o Sistema Único de Saúde (SUS) atendeu mais de 70 mil pacientes, sendo registrados mais de 45 mil mortes, sendo 12% linfoma de Hodgkin e 88% linfoma não-Hodgkin. Os dados são de uma pesquisa realizada pelo Observatório de Oncologia, que atribui o alto número de óbitos ao diagnóstico tardio. Todo ano, mais de 700 mil pessoas são diagnosticadas com algum tipo de linfoma no mundo.
Fontes: Abrale, Ministério da Saúde e Inca