Utilizado por homens e mulheres, o boné deixou de ser somente um acessório para cobrir a cabeça e fazer sombra para os olhos nos dias de sol. Com diversas opções de cores e modelos, a peça tornou-se parte do look, e algumas pessoas costumam usá-lo diariamente. Mas um texto que circula pelas redes afirma que este hábito pode provocar queda de cabelo. Será que é verdade?
Leonardo Abraham, coordenador do Departamento de Cabelos e Unhas da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), garante que se trata de um grande boato. Ele explica que, na realidade, o que pode ocorrer é a fratura do fio de cabelo — que é diferente da queda —, mas apenas quando usamos o boné muito apertado na cabeça:
— Somente quando o boné faz atrito no fio é que pode provocar fratura capilar, mas isso é raro, não acontece frequentemente.
Segundo a médica dermatologista Marina Resener de Morais, do Hospital Ernesto Dornelles, a mesma situação pode ocorrer, por exemplo, quando a mulher prende o cabelo com elástico ou faz muita escova, porque aperta e puxa o fio. Marina também esclarece que algumas pessoas podem ter alergia ao tecido do boné ou ao próprio suor em contato com o couro cabeludo — o que predispõe a dermatite seborreica, popularmente conhecida como caspa.
Os pacientes com essa inflamação, que pode causar descamação e vermelhidão do couro cabeludo, podem ter uma piora do caso se não fizerem a higiene diária do local e utilizarem o acessório frequentemente. Para não haver complicações, Abraham afirma que basta manter os cabelos limpos.
— Se a pessoa lava o cabelo com frequência, lava o boné e o usa de forma adequada (sem estar muito apertado ou com o cabelo molhado), não haverá problema — diz Marina.
A dermatologista salienta que gel, pomada, fixador e xampu a seco também não causam queda. Já em relação à alopecia androgenética, a famosa calvície, Leonardo Abraham descarta a possibilidade de intensificação do problema com o uso do boné.
Principais causas da queda de cabelo
As causas mais comuns são a calvície, tanto para homem quanto para mulher, e o eflúvio telógeno, que é uma queda programada, mais frequente nas mulheres. A alopecia androgenética ocorre por conta do afinamento dos fios, decorrente da ação dos hormônios andrógenos presentes na genética do paciente.
— Nas mulheres, ocorre na região frontal. O cabelo vai ficando ralo e o couro cabeludo começa a aparecer. Nos homens, nas "entradas" ou no vértex, até ficar completamente sem cabelo na parte de cima da cabeça — explica o coordenador do Departamento de Cabelos e Unhas da SBD.
Já o eflúvio acontece depois de algumas situações, como dietas muito restritivas, doenças metabólicas ou infecciosas e estresse.
— Existe um exame chamado tricoscopia, que auxilia no diagnóstico e diferenciação dessas duas alopecias. Para o acompanhamento e diagnóstico das causas do eflúvio telógeno, alguns exames de sangue podem ser solicitados pelo dermatologista — relata Abraham.
Marina diz que o normal é uma pessoa perder até cem fios de cabelo por dia, porém, pode haver ciclos mais intensos. O que pesa para decidir se a pessoa deve ou não consultar um médico é a persistência do problema:
— Se a pessoa passar por um período de um mês de queda e melhorar, não precisa (ir ao médico), porque é normal. Agora, se a queda persiste, ao lavar o cabelo, no travesseiro, em grande volume ou que deixa falhas, deve-se procurar um dermatologista.
*Produção: Jhully Costa