Se até anos atrás o consumo de leite entre as crianças era uma unanimidade entre os profissionais de saúde, agora não é mais. Há quem defenda que, após o desmame, não é preciso mais ingerir leite – do mesmo modo que os demais mamíferos. Para a nutricionista Melissa Diniz, o mais importante é uma dieta equilibrada: uso de sementes, verdes folhosos e frutas. O leite a partir dos dois anos é dispensável.
Já o pediatra nutrólogo Matias Epifanio, da Sociedade de Pediatria do Rio Grande do Sul, defende que é impossível atingir diariamente o aporte de cálcio necessário para uma criança sem o consumo de leite e seus derivados.
– Para uma criança chegar ao consumo de mil miligramas de cálcio por dia, ela precisa de três porções de leite. Para chegar a algo perto disso, teria de comer 30 folhas de espinafre. É muito difícil chegar a isso – pondera o especialista.
Epifanio explica que é fundamental formar a massa óssea durante a infância e a adolescência. Aos 18 anos, é preciso consumir 1,3 mil miligramas de cálcio por dia. Há estudos que mostram que crianças que não tomam leite têm maior risco de fratura, menos estatura e massa óssea menor, sem contar o risco aumentado de adquirir osteoporose ao longo da vida.
– O consumo de leite é fundamental no momento em que não tem outro alimento que substitua o cálcio. Se criou um mito com o leite, que depois de uma idade não precisa mais. Isso é uma mentira – enfatiza Epifanio.
Substituir leite por bebida láctea é outro erro. Ela não tem o mesmo índice nutricional e possui quantidade baixa de cálcio. A melhor opção ao leite de vaca – que pode ser consumido a partir de um ano – são os leites adaptados para crianças, concentrados em vitaminas, ferro e sódio. A bebida tem uma carga proteica específica para a faixa etária e, nutricionalmente, é mais eficiente do que o leite de vaca.
Prós e contras do consumo de leite
Prós
— Tem alta concentração de cálcio, dificilmente encontrada na mesma proporção em outros alimentos
— Tem alta densidade nutricional: mais nutrientes do que calorias
— A gordura do leite aumenta o colesterol bom
— É benéfico para hipertensos
— Produz saciedade
— A versão semidesnatada é recomendada para quem quer perder peso
— A versão integral ajuda na absorção da vitamina D
Contras
— Dois dos principais componentes do leite – lactose e proteína – geram cada vez mais problemas na população
— É de difícil digestão
— Não é mais “cru” como no passado e perdeu probióticos que ajudam na sua digestão
— Produção em larga escala estimula uso de hormônios nas vacas e conservantes no processo de pasteurização
— A versão sem lactose não resolve para quem tem hipersensibilidade ao leite. Tem os mesmos hormônios e aditivos da versão convencional
— Consumo de antibióticos destrói a flora intestinal e aumenta a probabilidade de intolerância à lactose
— Tem muito mais proteína do que o corpo consegue digerir, o que sobrecarrega os rins
A diferença entre leite integral, semi e desnatado
Integral
Tem no mínimo 3% de gordura. Em um copo de leite de 300ml, terá 9g de gordura. Tem gordura saturada, que aumenta o bom e o mau colesterol. Ideal para quem precisa ganhar peso. Ajuda na absorção da vitamina D.
Semi
É o preferido dos profissionais pois mantém a saciedade e não tem o mesmo índice de gordura do integral. Ideal para quem tem hipertensão, colesterol alto e quer controlar o peso.
Desnatado
Tem menos de 0,5% de gordura. Por ser desnatado, o nível de cálcio não está comprometido