Não tem jeito: depois que a pressão arterial chega a um certo nível, a medicação é a arma mais eficiente. Isso não significa que ficam liberados os excessos na alimentação e o sedentarismo. No Brasil, os tratamento basicamente estão apoiados em cinco grandes grupos de medicamentos, entre eles os diuréticos.
Em 2017, o estudo Prever, do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, revelou a eficiência de dois diuréticos contra o problema: a cloritalidona e a amilorida. Combinados, eles apresentaram melhores resultados do que a losartana, oferecida atualmente pelo SUS no Programa Farmácia Popular. Os diuréticos seriam, inclusive, mais baratos.
O Prever foi dividido em dois estudos independentes, o Prever 1 – Prevenção e o Prever 2 – Tratamento. No primeiro, foram incluídos pré-hipertensos, entre 30 e 70 anos, sem doenças cardiovasculares. Dos 18 mil avaliados inicialmente, cerca de 1,4 mil foram selecionados para mudar o estilo de vida. Depois de três meses, 730 ainda seguiam pré-hipertensos.
A partir daí, o grupo foi sorteado para tomar os diuréticos associados ou placebo. Após 18 meses, a turma que tomou a medicação reduziu em 44% a incidência de hipertensão em relação aos que tomaram placebo. Isso, segundo Sandra Fuchs, demonstra o quanto pode ser eficaz iniciar o tratamento na “fase pré-hipertensiva”, com doses baixas de diuréticos.
– O tratamento com diuréticos também diminuiu a massa do coração. Isso significa menor risco de doenças cardiovasculares – completou Sandra.
Nas avaliações do Prever 2, foram selecionados 655 hipertensos, que também foram divididos em dois grupos – um recebeu a combinação de diuréticos, e outro, a losartana. Notou-se, ao final de um ano e meio, que os pacientes tratados com diuréticos tiveram redução maior da pressão do que os que ingeriram a losartana.
Os cinco principais grupos de medicamentos usados no tratamento da hipertensão no Brasil:
— Diuréticos (ex: hidroclorotiazida e clortalidona)
— Bloqueadores de canais de cálcio (ex: anlodipino)
— Inibidores da enzima conversora da angiotensina* (ex: enalapril)
— Bloqueadores de receptores da angiotensina (ex: losartana)
— Betabloqueadores (ex: atenolol)
*Polipeptídio que estimula a constrição dos vasos sanguíneos
Os limites da pressão arterial
O guideline brasileiro
Normal: 120 x 80 ou menor
Pré-hipertensão: de 121 a 139 x 81 a 89
Hipertensão – estágio 1: de 140 a 159 x 90 a 99
Hipertensão – estágio 2: de 160 a 179 x 100 a 109
Hipertensão – estágio 3: acima de 180 x 110
O novo guideline americano
Normal: abaixo de 120 x 80
Pressão elevada: de 120 a 129 x 80
Hipertensão – estágio 1: de 130 a 139 x 80 a 90
O que hipertensão ou pressão alta
A diretriz brasileira considera hipertensão os valores de pressão arterial a partir de 140x90 (o popular 14x9), mas já há médicos que consideram os paradigmas americanos, de 130x80. Não basta uma única medida com esses valores para fazer o diagnóstico, é preciso pelo menos duas aferições em duas consultas médicas.
Sintomas
A hipertensão não apresenta sintomas. A doença está relacionada a maior risco de infarto e acidentes vascular encefálico, além de outros problemas cardiovasculares e renais.
O que significa o 12x8
Vamos usar como exemplo a clássica medida 12x8. Você sabe o que significa cada número? A pressão arterial é medida em milímetros de mercúrio (mm/Hg):
12 = pressão sistólica (SBP), resultante da força com que o coração se contrai e ejeta sangue do ventrículo esquerdo para as artérias.
8 = pressão diastólica (DBP), resulta do estado de contração das pequenas artérias que irrigam os órgãos e sistemas.