No prato, na pele, nos dentes e até nos cabelos. Todas essas são indicações recorrentes para o uso do óleo de coco, gordura de origem vegetal alçada ao status de queridinha da alimentação saudável.
Apesar da lista de vantagens que promete oferecer à saúde – que vai desde acelerar a queima de gordura passando pela melhora do sistema imunológico e combate a fungos, vírus e bactérias –, entidades médicas rebatem o burburinho em torno do alimento.
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– Não há nenhuma evidência científica que comprove que ele faça bem para a saúde de forma geral – garante Rosana Radominski, vice presidente do Departamento de Obesidade da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM).
Para o órgão, trata-se de um modismo que, no fim das contas, pesa no bolso – em um site nacional de produtos naturais, 500ml do óleo são comercializados a R$ 42,50 – e pode custar caro para a saúde. Rico em gorduras saturadas, o produto pode aumentar o colesterol e o risco de aterosclerose se consumido em excesso – além, claro, de não emagrecer.
– É uma situação bem clara: há nove calorias por grama de óleo, portanto, o uso não ajuda a perder peso – reforça Rosana.
Outra instituição que se posicionou contra a onda do óleo de coco foi a Associação Brasileira de Nutrologia (Abran). Em nota publicada em seu site no fim de março, a entidade diz: "Considerando-se que o óleo de coco tem sido divulgado, especialmente na imprensa leiga, como integrante de uma dieta preventiva para doenças crônicas, como quadros neuro-degenerativos, obesidade e dislipidemia, bem como para outras funções tais como imunomodulação e tratamento antimicrobiano, a Associação Brasileira de Nutrologia considera que deve se posicionar sobre o assunto".
Em uma lista de quatro itens, a Abran reforça que não há estudos relevantes que comprovem a eficácia do produto para os inúmeros benefícios associados a ele e faz as seguintes recomendações:
– não deve ser prescrito na prevenção ou no tratamento da obesidade;
– não deve ser prescrito na prevenção ou no tratamento de doenças neuro-degenerativas;
– não deve ser prescrito como nutriente antimicrobiano;
– não deve ser prescrito como imunomodulador.
Elza Mello, professora da UFRGS e diretora da Abran, afirma que a nota foi publicada para desmistificar os rumores sobre o produto e levou em conta uma ampla revisão científica:
– Não é fácil fazer pesquisa em nutrição e isso se presta para começarem a pregar modas. A cada dois anos, tem algo novo para a obesidade e isso faz com que a população gaste inutilmente. Não há estudos a longo prazo para dizer se é seguro usar.
A saída, conforme Rosana, é optar pelo óleo de girassol para frituras e, para outras preparações, o azeite de oliva, rico em ácidos graxo insaturados e ômega-3. Contudo, consumidores do óleo de coco não precisam abandonar o uso. Basta seguir a orientação das especialistas e ter bom senso.