Sabe aquela lambida cheia de afeto que os animaizinhos de estimação dão em troca depois de receber carinho? Pois ela pode ser mais nociva do que podemos imaginar. Recentemente, uma idosa do Reino Unido foi vítima de uma infecção grave e precisou ficar semanas hospitalizada em função de uma bactéria encontrada na boca do seu pet.
De acordo com o relato médico publicado no British Medical Journal, a mulher de 70 anos desmaiou subitamente e só acordou após 30 minutos já com a chegada do socorro. Ela foi levada para um hospital, onde ficou internada por 30 dias. Pelo menos nos cinco primeiros dias, ela apresentou um quadro de diarreia, confusão mental e febre.
Leia mais:
10 alimentos perigosos que cães e gatos estão proibidos de comer
Famílias preferem cães e solteiros escolhem gatos, aponta pesquisa
Veja como conviver com animais de estimação pode fazer bem à saúde
Apesar de extremo, o caso dessa mulher chama a atenção para um cuidado simples e que pode prevenir doenças: deve-se evitar o hábito receber lambidas de cães e gatos, especialmente em crianças e idosos, que têm o sistema imunológico mais frágil.
– Na boca dos cachorros e dos gatos há trilhões de bactérias. Algumas delas encontram uma porta de entrada no organismo humano e acabam desenvolvendo uma infecção grave – explica o infectologista e coordenador do núcleo de vacinas do Hospital Moinhos de Vento, Paulo Gewehr Filho.
Via de regra, a pele humana é uma barreira suficiente para impedir a entrada desses invasores no corpo. No entanto, é preciso ficar atento às demonstrações de carinho dos bichanos em áreas com pequenos ferimentos, como arranhões ou mesmo espinhas, pois elas podem facilitar a entrada desses micro-organismos.
Mas, calma! Isso não significa que toda e qualquer lambida vá acarretar em um problema mais grave. Por segurança, o mais indicado é lavar bem o local lambido com água e sabão. Pessoas que estão com o sistema imunológico debilitado, imunodeprimidos ou que tenham infecções crônicas são mais suscetíveis à contaminação e devem ficar de olho nos carinhos dos peludos, evitando lambidas, mordidas e arranhões.
Proprietários devem ficar atentos à saúde do animal
Quem tem um animalzinho sabe como é bom chegar em casa no fim do dia e afofar o peludo. A troca de carinho é comprovadamente um antídoto contra o estresse, pois eleva os níveis hormônios e neurotransmissores responsáveis pela sensação de bem-estar. O que deve ser evitado sempre é retribuir todo esse amor com beijos em qualquer parte do corpo do bichano.
– A mucosa oral tem uma barreira de proteção mais frágil e vulnerável, e o risco de transmissão é maior – destaca Filho.
Além de todas essas precauções no contato com os pets, outra medida imprescindível é seguir o calendário de vacinação básico para manter a saúde deles e dos seus tutores.
– Tem de manter a vacinação anual contra raiva e a polivalente. Também é preciso dar vermífugo a cada seis meses para os animais que não saem de casa e a cada quatro para aqueles que frequentam parques ou pracinhas – orienta a veterinária Simone Pereira Vaz.
Fora isso, a especialista indica a limpeza de tártaro anual para cães e, especialmente, gatos.
– Gatos têm muita gengivite e a mordida deles inocula mais profundamente as bactérias – diz.