Há pouco mais de dois meses, desafiado pelo projeto Te Mexe, Gigante!, tive de revisar alguns conceitos da minha vida. Isso, todo mundo sabe, não é nada fácil. Imagine mudar hábitos de 40 anos, de uma hora para outra? Óbvio que as coisas não mudaram num passe de mágica. Ainda posso dizer que o meu pensamento a respeito da prática de exercícios físicos está em processo de mutação. Tenho total consciência de que é importante para uma vida mais saudável, mas ainda estou me acostumando com a rotina de treinos puxados.
Sendo extremamente sincero, nunca gostei de praticar atividades físicas. Só que era preciso mudar de ideia. O tempo já estava correndo contra mim, e os efeitos da vida sedentária no meu organismo já tinham colocado as garras de fora. No fim das contas, teria de ser na marra – como foi.
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Já pensei em desistir em várias oportunidades. Só que, com a descoberta do fantasmagórico diabetes tipo 2 e a necessidade de sair da faixa de quase obesidade mórbida, foi preciso abraçar a ideia. Não podia passar atestado de fraqueza e ficar pelo caminho. E o que era para ser um simples trabalho jornalístico, algo para mostrar a importância da prática esportiva em ano de Jogos Olímpicos, tornou-se um projeto de vida. Com uma projeção de um futuro melhor e mais saudável.
O educador físico Alexandre Travi, da Optima Fitness, que me acompanha nesta jornada desde o dia 18 de abril, tem sido extremamente paciente. Sempre fui pela lei do menor esforço. Só que, nessa guerra, começamos do zero. Sedentário total. Então, tive que aderir ao pensamento ditado por Raul Seixas: "Prefiro ser aquela metamorfose ambulante do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo". Mudei! Os exercícios, que antes eu rechaçava, passaram a ser algo muito próximo. E, nisso, a cobrança do personal foi fundamental. A mão que me puxou do penhasco em que eu estava me enfiando. Nessa parceria, cada exercício bem executado, cada limite sendo superado, cada quilo reduzido no peso é motivo de comemoração.
Não há sensação melhor do que subir na balança e constatar que o peso diminuiu. Ou furar o dedo para coletar sangue para testar o diabetes e ver que o índice está dentro do tolerável. Cada gota de suor da atividade física é recompensada quando se coloca uma calça e ela está bem mais larga, quando é necessário fazer mais um buraco no cinto ou quando as camisas começam a ficar folgadas. Treze quilos já ficaram pelo caminho. E muitos outros serão abandonados. Só que a estrada é longa e cada passo é extremamente importante.
Vale ressaltar que, antes de iniciar qualquer exercício físico, é preciso estar consciente de que se tem uma condição clínica adequada. A partir disso, a pessoa deve escolher uma atividade prazerosa, já que terá de praticá-la sistematicamente. Segundo Alexandre Travi, para quem está começando sozinho a praticar exercícios, uma caminhada de 20 minutos, pelo menos três vezes por semana, já é um bom início.
Em dias de muito calor, o ideal é escolher roupas leves. Nos dias mais frios, não usar casacos muito pesados. Neste caso, o importante é manter o corpo aquecido. Além disso, é interessante ter um calçado adequado – por exemplo, um tênis confortável –, estar bem alimentado e com a hidratação em dia para evitar qualquer tipo de problema.
A atividade física só traz benefícios à saúde: redução de peso, aumento da eficiência cardíaca e pulmonar, redução do colesterol, diminuição e controle da pressão sanguínea e do diabetes, queda da ansiedade e aumento da autoestima. Mas também é preciso conviver com as dores musculares e lombares, sensibilidade nas articulações, cansaço e outros obstáculos que aparecem no caminho, mas que, no fundo, servem de motivação. Acima de tudo, é preciso ter coragem de começar e acreditar em uma vida mais saudável. Mesmo que você nunca tenha tentado.