A Organização Mundial da Saúde (OMS) chancelou as declarações das autoridades médicas americanas apontando para o fato de não haver mais dúvidas de que é o zika vírus que causa a microcefalia.
Na quarta-feira, o Centro de Controle de Doenças dos Estados Unidos (CDC, na sigla em inglês) indicou não haver mais dúvidas quanto a relação entre os dois.
– Estudos publicados nesta semana marcam um ponto de virada na epidemia de zika. Agora está claro que o vírus causa microcefalia – disse o diretor do CDC, Tom Frieden, em comunicado à imprensa.
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Nesta quinta-feira, a OMS voltou a confirmar a declaração.
"Existe forte consenso científico de que o zika é a causa da microcefalia, da Síndrome de Guillain-Barré e de outras desordens neurológicas. A onda de estudos apoia a conclusão de que existe uma associação entre o zika e a microcefalia", apontou o órgão.
Até março, a entidade apenas dizia que existiam "evidências". Agora, existe um "consenso científico".
Em uma nota à imprensa, a OMS indicou que os cientistas ainda não excluem a possibilidade de que "outros fatores possam se combinar com o zika para causar as desordens neurológicas". Nesse caso, porém, a entidade alerta que "mais pesquisas são necessárias antes que qualquer conclusão seja feita".
A agência de saúde da Organização das Nações Unidas (ONU) lembrou que a Guillain-Barré e a microcefalia podem ser geradas por "uma série de fatores", incluindo contato com produtos tóxicos e outras infecções.
"Novos estudos sobre o zika e suas complicações estão sendo publicados diariamente, e o ritmo da pesquisa vai continuar a aumentar", afirmou a OMS.
Segundo ela, seus técnicos e entidades parceiras acompanham cada um dos estudos de forma detalhada para identificar qualquer "mudança na direção das evidências".
A decisão de reconhecer a relação entre o vírus da zika e a microcefalia, porém, vem quatro meses depois de o Brasil iniciar gestões para convencer a OMS a agir nesse sentido. Em 18 de novembro de 2015, a diretora-geral da entidade, Margaret Chan, esteve em Brasília e ouviu do ministro da Saúde, Marcelo Castro, um alerta sobre a zika. Naquele momento, ela optou por esperar por novas evidências e não convocou seu grupo de especialistas.
A reunião ocorreria apenas em fevereiro e, ainda assim, ela atuaria com cautela, considerando apenas a microcefalia, e não o zika, como uma emergência internacional. Na véspera daquela reunião em Genebra, na Suíça, o governo brasileiro insistia com Chan de que as evidências já eram claras. Mas a OMS optou por aguardar por uma prova científica.