Coordenador da Rede Nacional de Pesquisa Clínica em Câncer, referência para a futura etapa de estudos clínicos da fosfoetanolamina, o oncologista Carlos Gil Moreira Ferreira defende a continuação das pesquisas, mas não crê que a eficácia da droga será confirmada.
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O senhor esperava que a fosfoetanolamina não fosse passar da fase pré-clínica?
Era mais ou menos o que eu estava esperando. Tem um rito, uma série de experimentos que precisam ser seguidos, e, no caso da fosfoetanolamina, houve um salto, queimando várias etapas. É um indício que nós, pesquisadores, esperávamos. Mas ainda é pouco para dirimir de vez essa celeuma em torno da fosfoetanolamina. A gente precisa de mais resultados para mostrar à população dados concretos e afirmar que isso nunca vai virar um medicamento anticâncer.
E como o senhor vê a liberação da droga pelo Congresso?
Esperamos reverter a decisão desastrosa de permitir o uso de algo que nem medicamento é ainda, do ponto de vista conceitual. Espero que levem os resultados em consideração. Tudo o que se pedia era que se fizessem estudos. E os estudos estão aí. São os primeiros indícios gerados por um grupo independente, que não tem interesse nem que dê certo nem que dê errado. E isso acende uma luz amarela, de que devemos ir com calma e cumprir todas as etapas pré-determinadas.
Quais são os próximos passos?
Os estudos devem continuar, com grupos independentes, para que se possa gerar um conjunto de dados capaz de encerrar essa história da maneira mais científica e ética possível. Talvez o que fique de lição é que existe uma maneira validada no mundo de se desenvolver medicamentos. Não vai ser por um desejo, uma questão de fé, que a gente vai achar um caminho diferente. Torço para que a gente tenha uma molécula nacional. Adoraria que fosse a fosfoetanolamina. Mas quero ver os resultados.
* Zero Hora