Até o final de julho, o número de casos de meningite, enfermidade típica do inverno, tinha ultrapassado a média dos últimos oito anos, de acordo com os dados da Secretaria Estadual da Saúde ( SES). Já os casos confirmados de dengue superaram os registrados no mesmo período desde 2011. Além disso, este foi o primeiro ano em que a doença causou mortes no Estado.
Marilina Bercini, diretora do Centro Estadual de Vigilância em Saúde da SES, afirma que não há relação entre o aumento na incidência das duas doenças, mas que ambas merecem atenção da população.
Em relação à dengue, os números refletem uma tendência nacional, que teve um incremento de casos em todas regiões do país desde o início do ano.
Já o aumento de casos e mortes por meningite no Estado, que têm ocorrido principalmente na Região Metropolitana, levou os gaúchos a aumentarem a procura pela vacina em redes privadas e têm mobilizado setores da saúde pública em algumas regiões para imunizar a população.
Meningite assusta os pais
A meningite meningocócica - causada por uma bactéria chamada meningococo e que tem os sorogrupos A, B, C, Y e W - está tirando o sono de muitos pais. Até o final de julho, foram registradas 14 mortes pela doença, superando a média de oito vítimas por ano, considerando o período de 2007 a 2014. Foram 53 casos registrados, contra 45 casos e cinco mortes no mesmo período do ano passado.
Marilina Bercini, diretora do Centro Estadual de Vigilância em Saúde da SES, afirma, entretanto, que não se trata de um surto.
- Em algumas cidades da Região Metropolitana estão sendo feitas ações de imunização gratuita para menores de 20 anos, como forma de prevenção - diz Marilina.
A preocupação dos pais é que a vacina contra o tipo B da doença está disponível somente na rede privada, e por um alto valor: cada dose custa cerca de R$ 600 - são necessárias pelo menos duas, número que pode ser maior de acordo com a faixa etária da criança.
Para a infectologista Cynara Nunes, do Complexo Hospitalar Santa Casa, a vacina contra o tipo B da meningite é importante, mas não deve ser motivo de pânico para aqueles que não podem arcar com o custo:
- As epidemias estão mais associadas ao meningococo C e, por isso, essa é a vacina que está na rede pública. Quem tiver condições de pagar pela vacina do tipo B deve se imunizar contra ela também.
Inverno com risco de dengue
Preocupação comum nos meses mais quentes, o mosquito da dengue incomodou os gaúchos até o início deste inverno. A alta incidência de pessoas infectadas desde o verão - foram confirmados 1240 casos no Estado até o final de julho - e a falta de um frio mais rigoroso nos últimos meses foram os principais responsáveis pela situação.
- Não estamos mais protegidos como antigamente. As pessoas estão viajando mais, trazendo mais o vírus para cá, e as temperaturas aqui não têm sido mais rigorosas como eram. Mesmo no inverno, elas estão ótimas para o mosquito se multiplicar - explica o infectologista Eduardo Sprinz, do Hospital de Clínicas.
O pico da doença ocorreu em abril e, desde então, a incidência tem diminuído, como é o comportamento padrão. Em junho deste ano, entretanto, os números ainda ficaram acima dos registrados em 2014. Em julho, parecem ter estabilizado - o que não significa que a população deve diminuir os cuidados, alerta o infectologista:
- Devido às altas temperaturas que estão sendo registradas no inverno e ao aumento das chuvas, é possível que os casos voltem a aumentar antes da chegada no próximo verão.
É o que acredita também Liane Oliveira Fetzer, bióloga da Secretaria Municipal da Saúde de Porto Alegre. Segundo ela, a Capital está tomando medidas de prevenção:
- Estamos ampliando o número de armadilhas para captar o Aedes aegypti e espalhando elas por mais bairros. Já temos 772 armadilhas, contra 714 que tínhamos no ano passado.
Além disso, Liane destaca que a população precisa reforçar os cuidados durante todo o ano, como evitar o acúmulo de água em pratos de vasos de plantas, manter desentupidos ralos e tampar caixas dágua.
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