O desequilíbrio entre esforço e recompensa figura no topo das principais causas de estresse no trabalho. Isso não quer dizer que tem gente reclamando de salário - mas de falta de reconhecimento. Em 12 anos de levantamentos anuais, é a primeira vez que o fator saltou aos olhos dos pesquisadores da International Stress Management Association (Isma-BR), que se dedica a ampliar prevenção e tratamento de estresse.
O último estudo, de 2014, será apresentado no 15º Congresso de Stress, em Porto Alegre, nesta semana. Mas adiantamos: a resposta de 89% dos entrevistados - todos economicamente ativos, com idades entre 25 e 60 anos, em São Paulo e na capital gaúcha -, não figurava, por exemplo, nem entre os cinco principais gatilhos de estresse elencados na pesquisa anterior, de 2012. Se a discrepância entre dedicação e reconhecimento apareceu agora, e em primeiro lugar, é por um motivo.
- Estamos em momento de crise. Então, os funcionários, que já não têm perspectiva de promoção e estão sobrecarregados de trabalho, veem no reconhecimento uma garantia. O que aumenta a autoestima e poderia evitar uma demissão. Eles acabam se frustrando - explica Ana Maria Rossi, presidente da Isma-BR.
Diante disso, queixas de "como estou estressado" afloram ainda mais fundamentadas. E sobra para o corpo, que dá indicativos de que algo não vai bem: dor de cabeça, distúrbios alimentares, insônia, irritabilidade e, em casos mais extremos, até um acidente vascular cerebral (AVC) - como ocorreu com o publicitário Alex Sain´t Pierre. Aos 29 anos, ele recebeu a cartada: chega! Deixou da vida insana que levava como sócio de uma agência de publicidade.
Mas se o cenário é esse mesmo, de crise, largar o emprego não é lá a coisa mais indicada. Então é preciso manter a rotina, aceitar pressões, metas e decepções que eventualmente virão com o trabalho. Mas de outro jeito: preparando-se para enfrentar as broncas de forma menos estressante.