Um acidente em um balanço que simula o surfe a alguns metros do chão, na Praia do Rosa (SC), causou uma lesão na medula espinhal de Sabrina Ferri, 35 anos, em 2008. Hoje, ela está em uma cadeira de rodas. Letícia Altknecht, amiga da época dos veraneios em Santa Catarina, lembra de Sabrina voando alto no balanço em ocasiões anteriores, mas não sabia do acidente. Depois de anos, viu alguém compartilhar no Facebook um vídeo em que Sabrina contava o que tinha ocorrido.
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- A gente tem isso de sempre querer que nossos amigos estejam bem, né? Quando soube da Sabrina, depois de tanto tempo, fiquei me perguntando: "Onde eu estava quando tudo aconteceu?". Fiquei bastante abalada - conta Letícia, hoje com 36 anos.
As duas começaram a conversar pela rede, e Letícia mencionou: "Hoje, eu moro em Brasília, me diz o que posso fazer para te ajudar de alguma forma".
- Aí eu disse para ela: "Corre comigo a Wings for Life"- relata Sabrina.
Letícia, preocupada em nunca ter corrido, falou para o marido, que é formado em Educação Física: "Preciso que tu me prepare para correr".
- A gente tem de comprar a briga das amigas! - diz Letícia.
No feriado do dia 21, ela esteve em Porto Alegre e aproveitou para visitar a amiga e saber mais detalhes da Wings for Life World Run. A prova é uma iniciativa da fundação de mesmo nome que financia estudos para a cura de lesões medulares.
Verbas para pesquisa na área são mais raras
Sabrina, envolvida em outras ações que apoiam a busca de recursos para pesquisas e estudos na área, como o blog Cure Girls, já estava na edição no ano passado, ao lado de 20 amigos que toparam participar e incentivar a causa. A corrida é uma disputa global que, neste ano, ocorre em 38 locais de 33 países ao mesmo tempo. Em 2014, teve Florianópolis como cidade representante do Brasil. Em 3 de maio, terá Brasília como palco da prova.
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- Eles direcionam a verba para as linhas de pesquisa que acham mais condizentes. Esse ano parece que já tem o dobro de inscrições em relação ao ano passado - explica Sabrina.
Empresária do ramo de alimentação saudável, Sabrina ressalta as dificuldades de se conseguir verba para esse tipo de pesquisa, que precisam vir da iniciativa privada:
- Sei que não é algo que vai mudar a minha situação, mas pode mudar a vida de outras pessoas.
Disputa inusitada e global
A Wings for Life World Run tem ponto de largada, mas não de chegada. Meia hora após o início da prova, um carro parte atrás dos corredores com velocidade determinada, que aumenta a cada hora. Quando um atleta é ultrapassado pelo veículo, a corrida termina para ele. Os últimos a serem alcançados vencem.
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Em 2014, mais de 50 mil pessoas se inscreveram na Wings for Life World Run, arrecadando um valor superior a R$ 10 milhões. O grande campeão foi o etíope Lemawork Ketema, que correu 78,58 quilômetros e superou o peruano Remigio Huamán por apenas 90 metros. No Brasil, foram mais de 1,5 mil inscritos. O vencedor no masculino foi César Miguel Momesso e, no feminino, Ana Lídia Borba.
Depois de reencontrar Sabrina na internet e já inscrita na prova, Letícia ficou sabendo que está grávida, agora com três meses.
- Pedi para ela correr e ela conseguiu mais alguém para participar - fala Sabrina, rindo.
Independentemente do ritmo que a amiga grávida e Sabrina largarão na prova, as duas estarão juntas no próximo final de semana, em nome da amizade e de quem precisa.
Como participar da competição solidária
Inscrições: US$ 25
Site: wingsforlifeworldrun.com
Data: 3 de maio, às 8h
Local: Brasília