Invariavelmente, fazemos balanços e projetos nesta época do ano. De alguma forma, procuramos organizar a casa, encontrar amigos e familiares, planejamos as férias e criamos expectativas de um próximo ano melhor.
Apesar de uma certa magia envolver o período de festas, nossa realidade não é nada mágica. Muito trabalho ou a falta dele, a responsabilidade pela educação dos filhos, amigos que deixamos de encontrar pelo cansaço da rotina, preocupações com a saúde de pessoas queridas... E, assim, ao perceber a sobrecarga, prometemos mudanças como a valorização das coisas mais simples que nos fazem felizes.
Apesar das mensagens de paz e saúde que recebemos, percebo que só somos tocados por elas na hora em que perdemos esta condição. Viver com saúde está cada dia mais difícil. Comer bem sai caro e requer muito tempo e organização. Fazer exercícios físicos também requer ajustes de horários e planejamento. Viver sem estresse é quase uma utopia.
Muitas vezes, nos propomos a alterar a rotina apenas quando o problema já se instalou. Exemplos: mudar a alimentação após exames sanguíneos alterados, emagrecer depois que as articulações estão sofrendo, relaxar quando a situação está insuportável e fazer atividades físicas quando as costas doem ou quando falta o fôlego ao subir uma escada.
Quem sabe aproveitamos as reflexões e nos propomos a investir um pouco mais na própria saúde? Pequenos cuidados podem contribuir para grandes mudanças. Iniciar uma atividade física, dormir um pouco mais, relaxar ao final do dia sem levar trabalho para casa. Impor limites a nós mesmos e, claro, ao consumo exagerado de alimentos e bebidas que nos prejudicam.
Incluir alimentos saudáveis mais frequentemente e reduzir sal, açúcar e gorduras prejudiciais, mesmo que aos poucos, vai provocar mudanças. Percebi este processo comigo.
Sou descendentes de alemães e italianos. Sofri forte influência de uma Nona que vivia na minha casa e era responsável pelo preparo dos alimentos. Nem preciso dizer que comíamos galinhada com polenta e os pães e bolos refinados viviam sobre a mesa acompanhados de salames italianos e queijos coloniais.
Tudo muito gostoso mas, após começar a estudar nutrição, percebi que estas não eram as opções mais saudáveis para a rotina da minha família. Hoje, mais de 20 anos depois, com hábitos bem mais saudáveis, deixamos alguns destes alimentos para a vida social e procuramos manter o que acredito promover nossa saúde e prevenir doenças. E a cada informação relevante que a ciência nos traz, procuro incluir ou excluir alguns alimentos.
Já foi assim com o pão branco, com a margarina, já houve redução de alimentos industrializados, o incremento na variedade das frutas... Tudo muito diferente dos hábitos que tive anteriormente. Vejo que é possível. Basta o desejo ser genuíno. Confesso que sinto saudades da polenta da Nona, mas como minhas atividades diárias não são tão desgastantes quanto as dela, tenho de ser mais racional. Que tenhamos um 2014 com muitas emoções, mas que a lógica ajude a manter nossa saúde!