A primeira justificativa para o entendimento de que o leite materno é o melhor alimento para os bebês tem a ver com nossa condição de mamíferos. Na natureza, cada espécie de mamífero produz um tipo de leite único, que atende a todas as necessidades nutricionais de sua prole no início da vida. O leite de cada espécie tem qualidades específicas que garantem a sobrevivência do filhote em um ambiente particular.
Nos humanos isso não seria diferente.
Os benefícios da amamentação são repetidos diariamente em consultórios infantis: protege o bebê de infecções intestinais, reduz o número de infecções respiratórias e de ouvido, garante um melhor crescimento físico da criança... A longo prazo, ajuda a prevenir a obesidade, o diabete e as doenças cardíacas. Para a mãe, funciona como um mecanismo de proteção contra o câncer de mama.
Recentemente uma pesquisa realizada pela Universidade Harvard, nos Estados Unidos, apontou que o aleitamento materno tem relação com o desenvolvimento intelectual da criança no futuro. O estudo acompanhou aproximadamente 1,3 mil crianças, desde a gestação, com aplicação de testes de inteligência aos três e aos sete anos. A comparação levava em consideração a alimentação da criança com leite materno exclusivo até seis meses e a manutenção até um ano de idade. As crianças que eram amamentadas por mais tempo com leite materno apresentam desenvolvimento intelectual melhor.
Dado que o desenvolvimento do cérebro é crucial para a sobrevivência dos seres humanos, o leite humano fornece nutrientes para esse crescimento acelerado. Durante os dois primeiros anos de vida do bebê, o cérebro cresce rapidamente, e todos os dias novas experiências formatam esse crescimento. As células do cérebro, chamadas neurônios, multiplicam-se e conectam-se umas com as outras até que os circuitos cerebrais se assemelhem a quilômetros de fios elétricos emaranhados. Toda vez que um bebê interage com o ambiente, seu cérebro faz uma nova conexão.
Sabe-se que as aquisições do lactente dependem muito de estimulação e da inteligência materna. O ato da amamentação, com a proximidade da mãe, o contato pele a pele, traz uma riqueza de estímulos. No entanto, novas evidências mostram que existem nutrientes no leite materno que aumentam o crescimento do cérebro. Este estudo reforça essa afirmativa, já que os resultados observados foram independentes destes fatores, a ponto de trazer pontos positivos nos testes a cada mês de aleitamento mantido!
Portanto, siga o conselho: "Alimente seu filho com exclusividade ao seio até seis meses e mantenha a amamentação até pelo menos um ano de idade". Exceto em poucas situações médicas específicas, a amamentação deve ser universalmente encorajada para todas as mães e bebês.
Não se pode prometer que a amamentação vai fazer de seu filho um Einstein, mas a pesquisa mostra que os bebês que são amamentados serão mais inteligentes quando crescerem. Então, se quisermos aumentar o nível de inteligência de toda uma geração de crianças, a amamentação seria uma maneira simples e de baixo custo para fazê-lo.
*Pediatra, Tânia sabe que nunca se pode descuidar das crianças