Receber o diagnóstico de câncer no cérebro pode parecer uma sentença de morte, já que, normalmente, a doença é detectada em grau avançado e os tratamentos com quimioterapia e radioterapia são muito agressivos ao organismo. Uma das neoplasias cerebrais mais comuns é o glioma, que consiste em tumores nas glias, células do sistema nervoso central. Ela tem subtipos como o glioblastoma, que tem alto potencial de agressividade e, segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca), deve afetar, somente neste ano, de 3 a 7,5 pessoas em cada 100 mil brasileiros.
Pesquisadores desenvolveram uma droga que pode ajudar no tratamento desses pacientes, fazendo com que eles vivam por mais tempo e com mais qualidade. O composto se chama imipramine blue (IB) e tem como função impedir que as células tumorais se espalhem. A droga, que é aplicada na corrente sanguínea, age sobre a proteína celular actina, que ajuda a unidade do organismo a se mover. Se a célula cancerosa fica estacionada, sem invadir outras regiões, o tumor fica restrito a um local específico.
Os testes, feitos em ratos, mostraram resultados positivos, incluindo o fato de que o novo medicamento não apresentou efeitos colaterais. Se a terapia apenas com o quimioterápico fez com que os animais sobrevivessem, em média, 44 dias, o tempo de vida deles foi multiplicado em quase cinco vezes com a associação da doxorrubicina com a IB.
- Essa foi a parte mais surpreendente da pesquisa: notar que uma droga já existente teve sua eficiência ampliada - comemora Bellamkonda.
Sobrevida
Em geral, para tratar os gliomas, considerados o décimo tipo mais comum de câncer no Brasil, a quimioterapia é feita associada à radioterapia. Intervenções cirúrgicas também podem ser uma alternativa, de acordo com o oncologista Arturo Otano. Ele lamenta que, em boa parte dos casos, não seja possível fazer com que o paciente viva muito tempo após o diagnóstico.
- Quando o câncer é pequeno, a pessoa não sente. Ao aparecerem sintomas, é porque já há uma grande massa de tumor. Além disso, quanto mais agressiva é a neoplasia, mais rapidamente ela cresce - descreve Otano.
Avanços
A medicina tem avançado muito no combate às neoplasias não apenas no cérebro, mas nos mais diversos órgãos.
- Entendemos cada vez mais como os tumores se desenvolvem e os mecanismos pelos quais invadem estruturas e promovem metástase. Esse conhecimento é fundamental para bloquear a sobrevivência das células tumorais - comenta o oncologista Marcos Vinicius da Silva França.
O médico pondera, no entanto, que há diversas medicações como essa que tiveram resultados positivos nas pesquisas in vitro e em animais, mas que não demonstraram tanta eficácia em humanos.
Esperança no tratamento
Nova droga consegue parar o desenvolvimento de tumores no cérebro e potencializar quimioterapia
Em testes com ratos, medicamento aumentou sobrevida e não apresentou efeitos colaterais
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