Saúde

Excesso de compromissos
Notícia

Os impactos da sobrecarga na saúde mental feminina

Pressão de ter que “dar conta de tudo” leva muitas mulheres ao esgotamento. Entenda os efeitos e descubra formas de buscar o equilíbrio no cotidiano

Zero Hora

Enviar email
AdobeStock
Cenário reforça a necessidade de refletir sobre os papéis sociais.

A sobrecarga de responsabilidades que as mulheres assumem no dia a dia é uma realidade presente na sociedade. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de 2022, apontam que elas dedicam, em média, 9,6 horas a mais por semana do que os homens aos afazeres domésticos e aos cuidados com outras pessoas – além do trabalho formal. Esse cenário reforça a necessidade de refletir sobre os papéis sociais e os impactos dessa carga na saúde mental feminina.

A psiquiatra e psicoterapeuta da Unimed Porto Alegre Miriam Garcia explica que, historicamente, o feminismo garantiu avanços importantes, como o acesso das mulheres ao mercado de trabalho e à vida pública. No entanto, essas conquistas não vieram acompanhadas de uma redistribuição equilibrada das tarefas domésticas e do cuidado com os filhos.

— Elas acabaram acumulando tarefas, compromissos e responsabilidades sem uma divisão justa dessas demandas dentro do núcleo familiar — pontua a psiquiatra.

Mesmo que todas as mulheres possam estar sujeitas à carga mental excessiva, algumas características emocionais aumentam essa predisposição. Segundo Miriam, perfis mais perfeccionistas, com baixa autoestima e dificuldade em dizer “não” tendem a se sobrecarregar mais. Muitas acreditam que precisam dar conta de tudo, assumindo sozinhas a responsabilidade pelo funcionamento da casa e da família, o que pode levar ao esgotamento físico e emocional. 

Além dos fatores emocionais, a construção social também contribui para essa sobrecarga desde a infância. De acordo com Miriam, estudos indicam que, a partir dos sete anos, meninas já começam a duvidar de suas próprias capacidades em comparação aos meninos.

Isso se reflete até na forma como os pais pesquisam na internet. Ela lembra que existem mais buscas sobre superdotação de meninos do que de meninas, por exemplo, o que demonstra uma desigualdade na valorização do potencial infantil.

A psiquiatra ressalta que, embora o Brasil não esteja entre os países mais desiguais do mundo em termos de gênero, ainda há muito a evoluir. Reconhecer essa sobrecarga e buscar formas de aliviar essa pressão não é apenas uma questão de bem-estar individual, mas também um passo essencial para transformar as dinâmicas sociais e familiares de maneira mais justa e saudável.

— Todos nós, mulheres e homens, internalizamos normas culturais que impactam a divisão de tarefas e a carga mental feminina. A mudança começa com a conscientização e a ação conjunta para construir relações mais equilibradas — afirma.

Como buscar equilíbrio

Quando a sobrecarga pesa, o primeiro passo é pedir ajuda a alguém de confiança. Pode ser uma amiga, uma colega de trabalho ou alguém da sua rede de apoio. Buscar suporte não é sinal de fraqueza, mas sim um caminho para o alívio.

Além disso, profissionais da saúde mental, como psicólogos, psiquiatras, enfermeiros, assistentes sociais e até educadores físicos, podem oferecer ajuda essencial. Muitas vezes, o primeiro passo para aliviar o esgotamento emocional está em conversar com alguém capacitado para orientar e indicar novos rumos.

No que diz respeito ao tratamento, Miriam destaca a importância da terapia para compreender o que está causando essa sobrecarga e aprender a aliviar esse peso. A partir do momento em que a pessoa toma consciência do que está acontecendo e busca apoio, pode ser necessário um acompanhamento mais aprofundado, seja com um psicólogo ou psiquiatra, e, em alguns casos, com o auxílio de medicação.

— Estes são caminhos que podem trazer impactos muito positivos. Mas, por desconhecimento, medo ou falta de acesso, muitas pessoas acabam não recebendo a ajuda necessária — ressalta a médica.

Para entender o problema e superá-lo

Fatores que intensificam a sobrecarga mental feminina:

  • Baixa autoestima
  • Dificuldade em dizer “não”
  • Crença de que é preciso “dar conta 
  • de tudo”

Estratégias para reduzir o esgotamento:

  • Buscar apoio em pessoas de confiança, como familiares e amigos
  • Consultar profissionais da saúde mental, como psicólogos e psiquiatras
  • Dialogar, estabelecer limites e compartilhar responsabilidades com o/a cônjuge

* Produção: Padrinho Conteúdo

GZH faz parte do The Trust Project
Saiba Mais
RBS BRAND STUDIO

Bate-Bola

22:00 - 00:00