A expectativa de vida dos brasileiros aumentou, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com dados do Censo Demográfico 2022. A média de idade passou de 71,1 anos, em 2000, para 76,4 anos, em 2023 – sendo 79,7 anos para as mulheres e 73,1 anos para os homens. A tecnologia tem papel importante nessa realidade, tanto pelo avanço da medicina – que propicia facilidades em questões de saúde e qualidade de vida – quanto pelas ferramentas que possibilitam ao público 60+ buscar informações para manter-se ativo social, cultural e economicamente.
Nesse contexto, os influenciadores na maturidade têm papel crucial para levar informação e criar conexão com quem está na terceira idade. Afinal, como diz o ditado popular: “A palavra convence, mas o exemplo arrasta.”
— Esses dias vi uma senhora de 81 anos que é modelo e segue desfilando com elegância. E eu gosto de mostrar para os meus pacientes esse tipo de iniciativa, pois são exemplos vivos — destaca o psiquiatra Marco Antônio Pacheco, médico cooperado da Unimed Porto Alegre, professor e chefe do serviço de psiquiatria do Hospital São Lucas da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS).
O envelhecimento da população enseja não só a reconfiguração de como pensar a sociedade, mas também cria uma demanda, desse grupo de pessoas, de sentir-se representado. De acordo com Pacheco, pessoas com idade superior a 60 anos têm na internet e nas redes sociais uma forma de procurar respostas para suas dúvidas, bem como um recurso para manter contato a distância com família, amigos e parceiros de outrora, seja de infância ou da faculdade, por exemplo. Por isso, é comum ver idosos sendo espelhos de desempenho físico, de moda, de saúde e de ativismo.
— Atualmente, é possível que as pessoas idosas se mantenham ativas e tenham uma performance que, antes, só seria possível com 30 e poucos anos. Existe uma cultura desse nicho acima dos 60 de poder viver bem, com saúde. E ter isso à mostra, nas redes sociais, mobiliza o público mais velho — avalia Pacheco.
A influenciadora 60+ Helena Schargel, 84 anos, é um caso de referência. Ela descobriu que poderia ser inspiração por acaso, durante uma palestra sobre envelhecimento, quando foi questionada se tinha algum projeto. Mesmo não tendo, ela respondeu que sim. Amadureceu a ideia e, logo depois, nasceu a linha de lingerie criada para empoderar e inspirar mulheres acima dos 60 anos, da qual é modelo das peças.
No Instagram que leva o próprio nome da autora (@helenaschargel), ela aborda temas como lições de vida, empreendedorismo, autocuidado e empoderamento.
— Precisamos fazer com que existam mais Helenas divulgando outros. Acredito que, pelo meio digital, temos uma boa maneira de apresentar novos talentos – reflete a octogenária.
Maturidade
Com a proposta de ser um norte para o público mais maduro, com idade superior a 50 anos, está a jornalista Patrícia Parenza, 54 anos. Em sua conta no Instagram (@patriciaparenza), ela dá dicas culturais, de moda e de comportamento, além de falar sobre menopausa e sexualidade.
Pati defende que pessoas mais velhas ganhem e ocupem espaços, incluindo o território online. Ela explica que são mais de 55 milhões de brasileiros acima dos 50 anos, e que, a cada 21 segundos, uma pessoa faz 50 anos no país. As informações são de um relatório chamado Tsunami Latam (desenvolvido por um consórcio entre as empresas Data 8, NoPausa, Pontes e Opinion Box), que investigou aproximadamente 20 mil pessoas maiores de 45 anos, entre 2018 e 2021, em sete países da América Latina.
— É extremamente importante que a gente esteja ocupando esse lugar e falando sobre nós, nossos dilemas, longevidade, menopausa, sexualidade e relacionamentos para pessoas maduras, em um espaço digital que até então era só usado por pessoas muito jovens — destaca.
Ela reforça a potência da representatividade:
— A gente quebra muitos paradigmas, estereótipos, principalmente voltados à beleza, à aceitação do envelhecimento, à saúde. Dissociar beleza de juventude, de capacidade física e mental é um grande negócio. E eu acho que a gente só estimula as pessoas com mais de 50, mais de 60 anos a não pararem a vida quando elas chegam nesse momento, né? A gente passou uma vida inteira seguindo padrões e agora está na hora de romper esses padrões e envelhecer do jeito que a gente quiser.
Mais influenciadores 60+
- Miréia Borges (@mireiabrg): comunicadora 60+ que apresenta o podcast Idade não é documento e, em seu perfil, fala sobre atualidades, saúde e estilo
- Avós da razão (@avosdarazao): perfil em que Gilda e Sonia, ambas com mais de 80 anos, buscam divertir e inspirar o público com diversos temas. A ideia é dar voz a mulheres e homens mais velhos, provando que pode ser muito bom envelhecer
- Costanza Pascolato (@costanzapascolatos2g): referência sobre vestir-se bem, Constanza dá dicas de moda. Em seu perfil, compartilha dicas sobre roupas, viagens e vida familiar
- Rosangela Marcondes (@it_avo): defensora das pautas intergeracionais, Rosangela aborda temas relacionados à longevidade, além de bem-estar, empreendedorismo e beleza
* Produção: Padrinho Conteúdo