Cuidar das pessoas é o ponto de convergência entre fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais. As duas profissões, embora compartilhem o mesmo conselho de classe, costumam ter seus conceitos confundidos.
No dia 13 de outubro, celebra-se o Dia Nacional do Fisioterapeuta e do Terapeuta Ocupacional (TO), data que homenageia a regulamentação dessas profissões, oficializada em 1969. Ambas são cruciais para a recuperação e a reabilitação dos pacientes em diversos contextos, desde o hospitalar até o domiciliar.
Enquanto a fisioterapia se concentra na reabilitação física e motora, a terapia ocupacional atua na reabilitação psicomotora e funcional por meio de atividades cotidianas. É o que explica Priscila Pereira Cidade, supervisora de fisioterapia do Hospital Moinhos de Vento (HMV):
— O terapeuta ocupacional foca nas habilidades e nas necessidades específicas do paciente, em diversos contextos, enquanto o fisioterapeuta visa restaurar a mobilidade e funcionalidade.
Fisioterapia
A fisioterapia é uma área dedicada a devolver ao paciente a mobilidade, a funcionalidade e a independência em suas atividades diárias, após eventos como acidentes, cirurgias ou doenças que afetam a musculatura e os movimentos. Além disso, também atuam na promoção da saúde, prevenindo enfermidades.
— O fisioterapeuta tem o papel de orientar o paciente, promovendo sua reabilitação para que ele retome sua vida normal o mais rápido possível — comenta Priscila.
Segundo ela, o atendimento fisioterapêutico pode ser dividido em três pilares principais. O primeiro passo é entender as limitações e capacidades do paciente.
— Não avaliamos apenas a condição física, mas também o contexto social, emocional e familiar. Isso nos permite elaborar um plano de reabilitação que atenda a todas as demandas e necessidades do paciente — detalha a fisioterapeuta.
Após a avaliação inicial, são traçadas metas de recuperação em conjunto com o paciente. Segundo Priscila, o objetivo é garantir que a reabilitação seja significativa e respeite os desejos do enfermo:
— As metas precisam ser realistas e importantes para quem está sendo tratado. Se o paciente não considera essencial caminhar uma determinada distância, ajustamos o foco para o que realmente faz sentido para ele.
O terceiro pilar é fundamental para garantir a continuidade do tratamento fora das sessões com o fisioterapeuta.
— O paciente precisa ser o dono do seu próprio tratamento. Fazemos acordos sobre o que ele pode realizar entre as sessões para atingir as metas estabelecidas, o que também inclui a família — diz Priscila.
Terapia ocupacional
A terapeuta ocupacional do Grupo Hospitalar Conceição (GHC) e especialista em saúde mental Darice Cocco Rodrigues, explica que enquanto a fisioterapia é focada na recuperação dos movimentos, a TO busca reabilitar o paciente em suas atividades diárias.
— A intervenção é voltada para a autonomia do paciente em tarefas que ele não consegue mais desempenhar sozinho, seja por causa de uma lesão, doença ou outra condição — detalha Darice.
A abordagem do terapeuta ocupacional varia de acordo com o contexto em que o paciente está inserido. Darice, por exemplo, atua tanto com a saúde do trabalhador quanto com crianças, dois públicos bastante distintos.
— Na saúde do trabalhador, o objetivo é ajudar a desempenhar suas atividades de trabalho, levando em consideração as dificuldades que apresenta e as habilidades que são necessárias para a realização delas, enquanto, com crianças, trabalhamos questões relacionadas ao desenvolvimento motor, social, cognitivo e sensorial, dependendo das necessidades apresentadas — comenta a terapeuta.
Um dos aspectos mais importantes da TO é a análise detalhada das atividades que o paciente precisa realizar. Isso serve de subsídio para a construção dos objetivos terapêuticos.
— Por exemplo, se o trabalhador necessita de uma motricidade fina para exercer sua função, mas está com dificuldades, nossa intervenção vai buscar melhorar essa habilidade específica para que ele consiga realizar seu trabalho com mais facilidade — exemplifica Darice.
Trabalho multidisciplinar
Tanto fisioterapeutas quanto terapeutas ocupacionais desempenham papéis importantes em hospitais, clínicas, empresas, centros de reabilitação e escolas. Priscila ressalta que, embora sejam profissões distintas, é comum que trabalhem juntas em equipes multidisciplinares.
— Nosso trabalho se complementa com o de outros profissionais da saúde, como médicos, psicólogos, nutricionistas, fonoaudiólogos, assistentes sociais, enfermeiros e pastoral. A colaboração é essencial para garantir uma recuperação completa e adequada para o paciente — afirma.
Em hospitais, o fisioterapeuta pode atuar desde o acompanhamento de bebês prematuros até a reabilitação de idosos com diversas comorbidades. A atuação é abrangente, incluindo pacientes oncológicos, ortopédicos, neurológicos, terapia intensiva e pediatria. Já o terapeuta ocupacional pode ser encontrado em diferentes cenários, como serviços de saúde mental, escolas e empresas.
— Nos centros de atenção psicossocial (CAPS), por exemplo, o terapeuta ocupacional trabalha com a reabilitação psicossocial, auxiliando pacientes com transtornos mentais a desenvolverem autonomia em suas atividades diárias — explica Darice.
Apesar das diferenças de atuação, ambas as profissões são essenciais no processo de reabilitação.
— Quando trabalhamos em conjunto, conseguimos traçar metas mais assertivas para o paciente, considerando suas limitações e seu potencial de recuperação. Isso torna o tratamento mais eficaz, humanizado e personalizado — conclui Priscila.
*Produção: Murilo Rodrigues