Todas as emergências de hospitais e unidades de pronto atendimento (UPAs) que atendem pacientes via Sistema Único de Saúde (SUS) estão superlotadas em Porto Alegre nesta sexta-feira (13). O motivo, segundo a prefeitura da Capital, é a exposição das pessoas à fumaça de queimadas que atingem as regiões Norte e Central do país.
— Diante da poluição temos a piora dos quadros de respiração, crises de asma, bronquite, risco de infartos e, consequentemente, aumento na procura por atendimentos nas emergências. Podemos dizer que sim, além dos problemas ainda relacionados à enchente, há um acréscimo devido à situação do clima. Dados literários já apontam que a exposição causa aumento da procura — explicou nesta quinta-feira o coordenador de Urgências da Secretaria Municipal da Saúde (SMS), Paulo Ricardo Bobek.
Os dados mais recentes do painel de monitoramento da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), atualizados na manhã desta sexta, indicam que os seis hospitais e as quatro UPAs da Capital enfrentam a superlotação. Nas emergências adultas, chega a 215,16% da capacidade das instituições de saúde. Já nas pediátricas, 152,33%.
A situação mais crítica entre os hospitais é a do São Lucas, da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), com 310% de lotação (10 leitos, 31 internados e dois aguardando atendimento). Já entre as UPAs, é o da Bom Jesus, com 400% (sete leitos, 28 internados e três aguardando atendimento).
Em nota, a SMS disse que "houve importante sobrecarga após piora da qualidade do ar em relação à fumaça das queimadas. Mais de 25% dos atendimentos da UPA Moacyr Scliar são da Grande Porto Alegre e outros mais de 15% nos demais prontos-atendimentos (Cruzeiro do Sul, Bom Jesus e Lomba do Pinheiro)".
Para tentar reduzir a superlotação, a prefeitura afirma que reforçou o serviço com a operação inverno, com atendimentos, inclusive, aos finais de semana.
Qualidade do ar ruim
Conforme o observatório suíço de qualidade do ar IQAir, a concentração de partículas por metro cúbico de ar em Porto Alegre é de 37,6 nesta sexta. O número é 7,5 vezes maior do que o considerado seguro pela Organização Mundial da Saúde (OMS). O índice aponta, de acordo com os parâmetros da Fundação Estadual da Saúde (Fepam), que o ar está "insalubre para grupos sensíveis", ou seja, pessoas com históricos de problemas respiratórios.
Apesar disso, a situação é melhor do que a dos últimos dias, quando o índice chegou a mais de 60.
- Se tiver sintomas respiratórios, busque atendimento médico o mais rápido possível
- Beba mais água e líquidos para manter o aparelho respiratório úmido e mais protegido
- Se possível, fique menos tempo em ambiente aberto, durante o dia ou à noite
- Mantenha portas e janelas fechadas, para diminuir a entrada da poluição externa no ambiente
- Evite atividades em ambiente aberto enquanto durar o período crítico de contaminação do ar pela fumaça
Recomendações a pessoas com problemas cardíacos, respiratórios e imunológicos:
- Manter ao alcance os medicamentos indicados pelo médico, para uso em crises agudas
- Buscar imediatamente atendimento médico se apresentar sinais ou sintomas de piora das condições de saúde após exposição à fumaça
- Consultar o médico sobre a necessidade de mudar o seu tratamento.