Mulheres que convivem com miomas – tumores benignos que crescem no útero – deverão contar, ainda esse ano, com um novo tratamento pelo Sistema Único de Saúde (SUS). É a ablação por radiofrequência, que queima o tumor sem necessidade de corte.
O tratamento é oferecido em clínicas particulares, e o custo pode chegar a R$ 20 mil, mas uma pesquisa do Hospital Fêmina, em Porto Alegre, prevista para começar nos próximos meses, pode ajudar a implementar.
— O protocolo de pesquisa vai ser feito através de pacientes do SUS que acompanham aqui no Hospital Fêmina, principalmente no setor de reprodução, que estão tendo dificuldade de engravidar devido à presença de miomas intramurais — diz o diretor da instituição, João Pedro Pinheiro Hoefel.
Duas agulhas usadas no tratamento foram cedidas ao hospital, e após realizar os procedimentos, um relatório precisa ser enviado ao Ministério da Saúde. Segundo Hoefel, há necessidade de comprovar os benefícios às mulheres, mas também tem de ser levado em conta o custo do procedimento ao SUS.
— Nós estamos bastante otimistas, esse ano já conseguimos duas amostras dessa agulha para a gente fazer os primeiros testes e, eles estando aprovados, a gente vai conseguir realizar para mais pacientes. Essa técnica já é usada para outras doenças aqui dentro do Grupo Hospitalar Conceição, então a gente olha com muito otimismo a certeza de que nós vamos conseguir realizar os primeiros tratamentos ainda esse ano — complementa.
Pelo SUS, estão disponíveis outros tratamentos contra o mioma, conforme detalha o diretor:
— Hoje, aqui no Hospital Fêmina, nós oferecemos o tratamento hormonal, o anti-hormonal, nós temos ainda casos de cirurgias abertas, cirurgias endoscópicas, laparoscopia e ciroscopia, e também nós temos já a embolização de miomas através de radiointervenção.
Miomas podem comprometer a fecundação
Um mioma pode ser assintomático, e nesses casos, a mulher convive com o tumor sem dores. Mas, parte das pacientes, sente cólicas e sangramento intenso durante a menstruação. Nos casos em que o tumor cresce de forma descontrolada, a fecundação é comprometida, de acordo com o o ginecologista Felipe Bassols:
— Se acredita que o mioma, principalmente o mioma que tem contato com a parte interna do útero, do endométrio, ele tem uma reação inflamatória, uma vascularização alterada nessa região e isso dificulta não só a passagem do espermatozoide pra encontrar com o óvulo quanto a implantação do embrião no interior da cavidade uterina.
Em situações extremas, há pacientes com o tumor até 10 vezes maior que o próprio útero, e outras atingem um patamar semelhante à uma gestação de final de gravidez, relata o especialista. A ablação por radiofrequência pode reduzir até 80% do mioma.
— A teoria principal que se tem é que a redução do volume desse mioma abra um espaço, melhore o processo inflamatório do útero pra facilitar a implantação da gestação — detalha Bassols.