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Ao realizarem exames ginecológicos, muitas mulheres descobrem algum tipo de mioma uterino, problema comum na faixa dos 40 anos e que tem afetado também as mais jovens. São tumores benignos formados por tecido muscular. Segundo estimativas da Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasco), o número de pessoas do sexo feminino em idade fértil acometidas pela condição já chega a 80% no Brasil. Alguns fatores — como a genética e os hormônios — podem tornar a doença ainda mais frequente.
— O mioma surge a partir de uma célula modificada, que perde sua capacidade de controle de divisão celular e, sob estímulo dos hormônios esteroides, começa a crescer. Eles (os hormônios) têm receptores para estrogênio e progesterona, o que induz esse crescimento, formando nódulos — explica a ginecologista e especialista em reprodução humana Bianca Bernardo, da Nilo Frantz Medicina Reprodutiva.
Características dos miomas
Os miomas uterinos têm coloração esbranquiçada, de consistência firme, e podem ser de vários tipos e tamanhos, além de diferentes localizações. Portanto, é de extrema importância que haja o acompanhamento de um médico para determinar a melhor forma de tratamento para cada caso.
Alguns fatores de risco podem favorecer o aparecimento de miomas, como hereditariedade e raça. De acordo com estudos, mulheres negras são mais propensas a ter miomas. Hábitos de vida (como consumo de álcool, obesidade, hipertensão, entre outros) também influenciam.
Sintomas da doença
Enquanto 75% das mulheres não têm sintomas e só descobrem a doença em exames de rotina, 25% apresentam os seguintes sintomas:
- Sangramento
- Cólica
- Dores e alteração no ciclo menstrual
- Volume abdominal
- Dores durante o ato sexual
- Prisão de ventre
- Incontinência urinária
Interferência na fertilidade
Segundo a especialista, não há nenhuma relação direta entre o mioma uterino e a infertilidade feminina.
— Porém, dependendo do tamanho e de sua localização, pode dificultar uma futura gestação. Muitas mulheres que têm miomas conseguem engravidar após o tratamento — afirma a especialista.
A ginecologista ressalta que há alguns tipos de miomas que não interferem na saúde feminina. Porém, os miomas intramurais grandes, em especial os maiores que cinco centímetros ou aqueles que abalam a cavidade endometrial (revestimento interno do útero em que o embrião implanta), podem ser mais associados à infertilidade.
— Podem gerar abortos de repetição ao distorcer a anatomia uterina e impedir a implantação adequada do embrião no endométrio — diz a médica.
Tratamentos para o mioma
O tratamento do mioma depende da gravidade dos sintomas de cada paciente, explica Bianca Bernardo. Se forem leves, é possível fazer somente o acompanhamento com ginecologista. Mas, caso sejam intensos e afetem a qualidade de vida, é preciso tratá-los.
Para as mulheres com sintomas de infertilidade, nas quais o mioma pode atrapalhar uma possível gestação, pode ser recomendado o tratamento cirúrgico.
— Para as mulheres que não desejam engravidar, é comum recomendar o uso de medicamentos, como pílulas contraceptivas, DIU ou antinflamatórios para alívio de sintomas de dor e/ou sangramento. Caso o tratamento médico conservador não melhore o quadro clínico da paciente, podemos propor cirurgias desde a retirada do útero até técnicas mais conservadoras, como retirada dos miomas por laparotomia, laparoscopia, cirurgia robótica, histeroscopia ou, ainda, tratamentos com ablação dos miomas por meio da radiofrequência ou embolização das artérias que nutrem esses tumores — conclui a ginecologista.