Os ensaios clínicos de um medicamento de regeneração dentária iniciarão em setembro no Japão. Os testes do fármaco inédito ocorrerão no Hospital Universitário de Kyoto. Caso a segurança seja confirmada, pessoas com falta congênita de dentição receberão doses para testar a eficácia.
Os desenvolvedores da pesquisa são do Instituto de Pesquisa Médica do Hospital Kitano, na província de Osaka. De acordo com informações do jornal japonês The Mainichi, o estudo começou em 2005, quando pesquisadores identificaram que ratos sem um determinado gene tinham um número maior de dentes. Ao realizar esse mapeamento, descobriram que uma proteína limitava o crescimento dos dentes, chamada USAG-1. Os cientistas concentraram os esforços em desenvolver uma maneira de bloquear essa proteína, com o intuito de permitir o crescimento.
O remédio com capaz de neutralizar essa proteína foi desenvolvido e os testes em ratos com número baixo de dentes começaram em 2018. Os animais receberam o remédio e novos dentes começaram a surgir sem nenhum efeito colateral. Em 2021, o artigo apresentando os resultados foi publicado na revista científica Nature.
A primeira etapa de testes clínicos administrará o medicamento em 30 pacientes homens com idade entre 30 e 64 anos. Os participantes do estudo devem apresentar a falta de pelo menos um dente posterior, para não haver risco de provocar o crescimento de um dente já existente. Se comprovada a segurança do remédio, a próxima fase será com pacientes de 2 a 7 anos, com deficiência dentária congênita, definida como anodontia, um distúrbio raro caracterizado pela ausência de todos os dentes.
O principal pesquisador do trabalho, Katsu Takahashi, chefe do departamento de odontologia e cirurgia oral do Hospital Kitano, disse que as expectativas para segurança e eficácia do medicamento são altas:
— Queremos fazer algo para ajudar aqueles que sofrem com perda ou ausência de dentes. Embora não tenha nenhum tratamento até o momento que proporcione uma cura permanente, sentimos que as expectativas das pessoas em relação ao crescimento dos dentes são altas — disse Takahashi.
A fase de testes deve durar até agosto de 2025 e os cientistas esperam que a venda do medicamento comece em 2030.