Em meio à mobilização para socorro e suporte humanitário no Rio Grande do Sul, um ato solidário somou-se ao esforço que congrega setor público de diversos Estados e sociedade civil. Para propiciar a oportunidade de transplante a um paciente que aguarda doação de medula óssea em Porto Alegre, o governo de Santa Catarina emprestou aeronave para que o material biológico chegasse em tempo.
Com o Aeroporto Internacional Salgado Filho fechado por causa da chuva, o transporte da medula óssea na aeronave do Estado de Santa Catarina foi feito até a Base Aérea de Canoas.
A doação partiu do Exterior, passando pelo Canadá, nesta segunda-feira (6). O material chegou ao Brasil por São Paulo. Saiu do Aeroporto Internacional Hercílio Luz, em Florianópolis, na aeronave de Santa Catariba às 13h40min desta terça (7), com destino à Base Aérea de Canoas, onde foi recebido às 14h23min.
Às 17h15min, a medula óssea, que atravessou o Oceano Atlântico, estava em solo gaúcho, transportada em helicóptero do Corpo de Bombeiros Militar de Santa Catarina, desde de Canoas até a Capital.
— O recebimento desta medula vai salvar a vida do paciente, que está preparado para receber o transplante desde o mês passado. A coleta estava programada havia vários meses. Não dava para esperar — explica a professora Liane Daudt, chefe da Unidade de Hematologia e Transplante de Medula Óssea do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA).
A medula tem 72 horas de viabilidade, se conservada de forma adequada. O procedimento ocorrerá nesta quarta-feira (8).
— Foi um processo delicado, o qual passou inicialmente pela etapa nacional em busca de um doador compatível. Como não foi encontrado no nosso país, houve a captação internacional — conta o médico Joel de Andrade, coordenador da Central de Transplantes Santa Catarina.
O médico disse que as células foram trazidas em duas bolsas — semelhantes ao armazenamento de sangue — e que o tempo é importante, pois não pode haver congelamento.
— Toda essa mobilização é um exemplo de solidariedade. Com certeza a pessoa que espera pela medula óssea vai ser transplantada e a gente torce para que tudo corra do previsto — aponta o médico.
O coronel Fabiano de Souza, secretário de Estado da Proteção e Defesa Civil, explicou que o transporte teve previsão de voo de uma hora e meia. Presente no Hangar da Polícia Militar e onde foi feito o embarque da medula, o governador Jorginho Mello (PL) aproveitou para fazer um balanço da presença das formações militares catarinenses no Rio Grande. Jorginho disse que tem conversado com o governador gaúcho Eduardo Leite (PSDB) e realinhado demandas, as quais dependem do que for solicitado.
— Vamos enviar pessoal do Planejamento, pois eles (os gaúchos) perderam tudo. Assim como da Polícia Técnica, que certamente irá encontrar uma situação difícil, à medida que água baixar em algumas cidades — disse o governador.
* Colaborou Ângela Bastos, repórter do grupo NSC em Florianópolis