O câncer de pele é um dos tumores mais frequentes no Brasil e no mundo, de acordo com o Ministério da Saúde. Diagnosticar as lesões precocemente é fundamental para a eficácia do tratamento, uma vez que muitos desses tumores podem gerar metástase. Pensando nisso, na próxima segunda-feira (25), um workshop gratuito ensinará profissionais da área da estética sobre como identificar lesões que podem ser o início de um câncer de pele.
O projeto Um Olhar Que Salva tem como objetivo auxiliar cabelereiros, manicures, massagistas e depiladores, entre outros esteticistas, no reconhecimento dos sinais de alerta do câncer de pele. Promovido pela DermaOnco, o evento ocorrerá das 9h30min às 11h30min, no bairro Moinhos de Vento. Para participar, é necessário realizar a inscrição pelo WhatsApp (51) 99382-0442.
— Trabalho com câncer de pele há quase 30 anos. Há muito tempo fiz um workshop como esse, e meses depois um paciente chegou até mim e disse que o cabelereiro dele tinha participado do evento e identificado uma lesão. No fim, era um melanoma — conta o cirurgião e idealizador do projeto, Ronaldo Oliveira.
Para o cirurgião, a iniciativa é importante porque os pacientes costumam ir ao cabelereiro e ao massagista com mais frequência do que vão ao dermatologista. Sendo assim, esses profissionais conseguiriam identificar se uma pinta aumentou de tamanho ou passou a sangrar ao ter contato com algum produto, por exemplo.
— É uma oportunidade de tirar o protagonismo da identificação do câncer de pele da área médica. Nem que seja de maneira superficial. Esses profissionais não vão fazer o diagnóstico, mas vão identificar e chamar a atenção para que o paciente possa ir até um médico fazer o exame. Pode ser que não seja nada, mas já peguei casos de cânceres identificados por maquiadoras, cabelereiros, massagistas e manicures — acrescenta o especialista.
Tipos de câncer de pele
Carcinoma basocelular
Considerado o mais comum e também o menos agressivo, o carcinoma basocelular (CBC) costuma aparecer em pessoas de pele clara, com mais de 40 anos e com longa bagagem de exposição solar. Segundo a dermatologista do Hospital Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre Sabrina Dequi Sanvido, o CBC normalmente surge com uma bolinha nas áreas da pele que foram expostas ao sol, podendo ser vermelha ou acastanhada.
— Também pode ser uma ferida que não cicatriza nunca. Pode aparecer na área H do rosto. Em volta do nariz, dos olhos e das pálpebras são consideradas áreas de risco. Outra característica é que cresce lentamente. Às vezes, leva anos para uma manchinha se tornar uma bolinha. E, se não for tratado, vai continuar crescendo — relata Sabrina.
A boa notícia é que esse tipo de câncer não costuma ter metástase. Ou seja, cresce localmente, sem se espalhar pelo resto do corpo.
Carcinoma epidermoide
O carcinoma epidermoide (CEC) também está relacionado à exposição solar progressiva e cumulativa. Sabrina conta que, assim como o CBC, o CEC costuma surgir com uma bolinha na pele vermelha, mas com uma casquinha, semelhante a uma verruga. Segundo ela, é essa crosta que pode diferenciar os dois tipos.
— O CEC é mais agressivo que o CBC e é o segundo subtipo mais comum. Em pacientes transplantados e imunossuprimidos é até mais frequente que o CBC. O CEC, quando aparece em alguma área da cabeça ou pescoço, tende a ser mais grave. Mas é mais comum que apareça em áreas que ficam expostas ao sol, como a face, o tórax e os membros superiores — descreve a dermatologista.
A maior gravidade do carcinoma epidermoide se deve à possibilidade de apresentar metástase.
Melanoma
Esse é o mais raro, mas mais grave, uma vez que tem mais chances de se disseminar pelo resto do corpo. O melanoma pode aparecer em qualquer parte do corpo, em forma de manchas, pintas ou sinais. O método ABCDE, segundo Sabrina, pode ajudar a identificar se uma pinta ou sinal pode ser um melanoma:
— Se dividir a pinta em quatro e as partes não forem iguais entre si, significa que é assimétrico e isso pode ser um sinal. Se a borda for irregular, tiver mais de duas cores e diâmetro superior a 6mm, também é para ficar alerta. O melanoma também é caracterizado pela rápida evolução. Se a pinta surgiu de uma hora para outra ou dobrou de tamanho em poucos meses, é bom ficar atento.
A dermatologista ressalta que uma pinta ou sinal ter essas características não significa necessariamente que é um melanoma. A maioria das lesões, afirma a Sabrina, não será câncer de pele. Mas especialistas entendem que perceber esses sinais é importante porque o melanoma tem altas chances de cura quando diagnosticado precocemente.
*Produção: Yasmim Girardi