Apenas sete países estão atendendo a um padrão internacional de qualidade do ar, constatou o relatório da IQAir, organização suíça que coleta dados de mais de 30 mil estações de monitoramento ao redor do mundo. Ainda, o documento apontou uma piora na poluição do ar em alguns lugares, devido ao aumento na atividade econômica e ao impacto da fumaça de incêndios florestais.
A qualidade do ar é medida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) por meio da concentração de poluentes atmosféricos, como dióxido de enxofre (SO2), dióxido de nitrogênio (NO2), partículas em suspensão (PM10 e PM2,5), por exemplo. A OMS estabelece diretrizes e limites para esses poluentes com base em evidências científicas sobre os efeitos adversos à saúde humana.
Para as partículas em suspensão PM2,5, a OMS recomenda um limite máximo anual de 10 microgramas por metro cúbico (µg/m³). Dos 134 países e regiões pesquisados no relatório, apenas a Austrália, Estônia, Finlândia, Granada, Islândia, Maurício e Nova Zelândia atendiam a esse limite em 2023, quando os dados foram coletados.
Segundo a OMS, o material particulado, especialmente o PM2,5, é capaz de penetrar profundamente nos pulmões e entrar na corrente sanguínea, causando impactos cardiovasculares, cerebrovasculares e respiratórios. Portanto, quando os níveis de poluente excedem os limites estabelecidos, pode indicar uma qualidade do ar prejudicial à saúde humana.
A grande maioria dos países (124) não está conseguindo atender a esse padrão para PM2,5. O Brasil, que ficou na 83ª posição do ranking mundial, é um deles. O relatório pontuou que cerca de 70% dos dados em tempo real sobre a qualidade do ar na região da América Latina são de sensores de baixo custo. Muitos Estados brasileiros, como o Rio Grande do Sul, por exemplo, não foram analisados por falta de dados.
Mas, de acordo com os dados do levantamento, algumas regiões brasileiras, como Santos, em São Paulo, e Camacari, na Bahia, ultrapassavam até cinco vezes o limite recomendado pela OMS. Rio de Janeiro, Curitiba e Ribeirão Preto excediam o valor ideal em até duas vezes. Já cidades como Brasília, Palmas e São José do Rio Preto passavam entre uma e duas vezes o limite, ficando mais próximas do recomendado.
Países mais poluídos
A região da Ásia Central e do Sul abrigava as dez cidades mais poluídas do mundo em 2023. O país mais poluído é Bangladesh, que apresentou um índice 15 vezes superior à diretriz anual da OMS. Depois, vem o Paquistão, Índia, Tajiquistão e Burkina Faso, localizados no mesmo continente. Ainda, a lista dos dez países mais poluídos do mundo também conta com nações como o Iraque, os Emirados Árabes Unidos, Nepal, Egito e a República Democrática do Congo.
Pela primeira vez na história desde que o levantamento começou a ser feito, o Canadá foi o país mais poluído da América do Norte, com as 13 cidades mais contaminadas da região localizadas dentro das suas fronteiras. A localidade mais poluída do país é Grimshaw, na província de Alberta. Já nos Estados Unidos, a grande cidade mais poluída foi Columbus, Ohio, enquanto a mais limpa entre os maiores municípios foi Las Vegas, em Nevada.
No relatório, também é possível encontrar as cidades mais poluídas do Brasil. Xapuri, no Acre, Osasco, em São Paulo e Manaus, na Amazônia, são as três cidades brasileiras mais poluídas.
*Produção: Yasmim Girardi