Quatro alunas do segundo ano do Ensino Médio de Passo Fundo desenvolveram uma alternativa para melhorar a qualidade do ar em grandes centros urbanos. O trabalho tem as algas marinhas como matéria-prima, organismos capazes de gerar até 60% mais oxigênio do que as árvores.
A ideia de implementar a pesquisa surgiu a partir de um vídeo em rede social, que mostrava a execução do projeto pela Universidade de Belgrado, na Sérvia. Emanuela Camillo Sordi, Manuela Peres Sontag, Maria Vitória dos Santos Gonçalves e Valentine Ferreira Nascimento de Moraes montaram o projeto para integrar a atividade de iniciação científica do Fleming Passo Fundo.
— A gente tinha pensado em estudar o oceano, mas não sabíamos exatamente o quê. Quando vimos o vídeo, definimos que seria isso, e saímos a procurar algas à venda na cidade, mas sem sucesso — descreve Manuela, 17 anos.
Integração
Para viabilizar o estudo, foi necessária uma parceria com a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) — o Departamento de Biologia cedeu cinco espécies para as alunas: quatro algas (Chlorella vulgaris, Spirulina, Scenedesmus e Euglena) e uma cianobactéria (Stigonema).
— Apresentamos a ideia para eles e prontamente nos ajudaram, doando as algas que se encaixariam melhor na ideia de fazer as árvores líquidas a partir das algas. A minha participação foi muito pequena, elas tomaram a liberdade e foram atrás de pesquisas e estudos — diz o coordenador da pesquisa e professor de biologia do Fleming, Álvaro Silveira.
A partir daí, as alunas colocaram a mão na massa. Diariamente, visitavam o laboratório para “alimentar” as algas, garantindo quantidade suficiente de água e oxigênio, para que elas pudessem sobreviver. O resultado foi satisfatório: a maioria se desenvolveu e se reproduziu, avançando em culturas.
— Foi muito a partir de tentativa e erro. Colocamos em ambiente entre 18ºC e 22ºC e água a 20ºC, e nenhuma morreu. Deu super certo, e a gente ficou muito feliz com o crescimento delas — relata Maria Vitória, 17 anos.
Capaz de substituir árvores?
Por terem um metabolismo menor do que as árvores, as algas conseguem devolver mais oxigênio à atmosfera, liberando mais do que consomem. No caso das árvores, a fotossíntese é maior, mas a planta precisa consumir uma taxa maior de oxigênio para sobreviver, o que a faz devolver uma quantidade menor à atmosfera, se comparada às algas.
Porém, mesmo com a estatística a seu favor, as algas não seriam capazes de substituir a relevância de uma árvore. A colocação dos aquários em grandes centros serve como uma alternativa para cidades já tomadas pelas construções, sem espaço para árvores.
— Elas são uma alternativa para melhorar o ar. A necessidade de uma árvore continua sendo a mesma, pois ainda precisamos de sombra e a biodiversidade precisa dela. São inúmeros seres vivos dependem delas para sobreviver — explica o professor.
Além da preocupação com o desmatamento e melhora da qualidade do ar, as alunas também chamam atenção para o oceano.
— Os oceanos são o pulmão do mundo. Precisamos atentar para sua preservação e para o impacto ambiental provocado pela poluição no universo marinho, que pode ser solução para melhora da qualidade de vida humana — acrescenta Manuela.
Agora, com finalização da pesquisa, as alunas buscam parcerias para viabilizar a prática em grande escala.
— Seria muito legal ver o aquário na rua, mas dependemos de patrocínio e interesse das prefeituras para implementar. Mas é um sonho — finaliza Valentine Ferreira, 16 anos.