O Ciclo Original convida o leitor a viajar no tempo para entender como era a vida e o ambiente ao qual o ser humano está biologicamente mais adaptado e por que as mudanças nos últimos séculos estão trazendo uma epidemia de doenças crônicas. O objetivo do urologista Fernando Bastos, autor do livro, é promover um estilo de vida que concilia o mundo contemporâneo e os hábitos dos nossos ancestrais.
A premissa da obra é de que o ser humano evoluiu para consumir alimentos de origem animal, o que ajudou a espécie a desenvolver um cérebro maior e tornou-a "dominante" em relação às outras. O hábito da caça em grupo favoreceu o desenvolvimento da motricidade fina e da comunicação.
Com o aumento do consumo de animais e seus derivados para suprir as necessidades energéticas, nossos ancestrais também passaram a ser menos dependentes de um intestino grosso desenvolvido para extrair energia de vegetais, o que permitiu uma involução desta parte do corpo (menos complexa se comparada a outros primatas com uma dieta mais dependente de plantas). Isto permitiu um maior desvio de energia para o cérebro, tornando-o maior e mais potente.
— Nós e outros primatas comemos carne e vegetais, mas temos um viés mais carnívoro — explica o médico.
Esta adaptação começou há cerca de 3 milhões de anos, mas o advento da agricultura, por volta de 10 mil anos atrás, causou uma mudança importante na dieta do ser humano, ao introduzir os grãos. Bastos aponta que a espécie é adaptada ao consumo de legumes, raízes e verduras, mas não dos grãos.
Nos últimos dois séculos, a partir da revolução industrial, esses grãos, com altas cargas glicêmicas, começaram a ser processados e cada vez mais usados. Esse processo, combinado ao aumento do consumo de alimentos industrializados no geral e às mudanças aceleradas que afastaram o ser humano do ambiente natural e dos hábitos aos quais ele é melhor adaptado biologicamente, está causando uma epidemia de doenças como diabetes, hipertensão e obesidade, defende Bastos.
Com a popularização dos alimentos ultraprocessados, estima-se que as novas gerações vão viver menos, segundo o médico.
— Na época dos nossos avós, quem ingeria esses alimentos era quem tinha dinheiro, era mais caro. Hoje é o contrário, quanto mais probres as populações, maiores os índices de obesidade— comenta.
Com isso posto, o livro mostra como as pessoas podem mudar seus hábitos para uma vida mais longa e saudável, especialmente em relação à alimentação e exercícios físicos.
O autor
Bastos se formou em Medicina em 2001 e foi para a área de cirurgia. Ele tem pós-graduação em urologia e é membro da Sociedade Brasileira de Medicina Funcional Integrativa. Hoje, ele foca em olhar o paciente como um todo e na prevenção. Também busca tratamentos que vão além da medicação. Bastos faz palestras pelo Brasil sobre andrologia, medicina funcional integrativa e a busca pela longevidade.
O autor começou a escrever o livro há dois anos, com o objetivo de entender o porquê de vivermos uma epidemia de doenças crônicas e atingirmos marcas como a de 1 bilhão de obesos no mundo. Em sua prática na urologia, o médico percebeu que a maioria dos pacientes não trata a causa do problema, o que o fez querer buscar respostas.
— Fui voltando no tempo, tentando entender a evolução para entender onde erramos — explica o especialista.
Em seu processo de pesquisa, o médico criou o termo “descompasso evolutivo”, com a premissa de que o ambiente do planeta moldou os seres humanos. Porém, em especial nos últimos 150 anos – pós revolução industrial –, o ser humano foi criando um ambiente inóspito para si mesmo, que inclusive já extinguiu várias espécies. Segundo o autor, a nossa biologia está adaptada a um ambiente que não existe mais.
— O livro é um convite para a gente fazer uma viagem para a nossa casa, para o nosso ambiente original, onde temos menos chance de obesidade, diabetes e doenças autoimunes — diz.
O especialista espera que as pessoas pensem mais em quanto tempo o organismo levou para se adaptar e em todas as intervenções que traz para a nossa vida e que procurem, dentro da realidade delas, fazer um retorno ao ciclo original, utilizando os avanços que temos hoje.
O Ciclo Original está disponível para compra por cerca de R$ 58. Seu lançamento oficial, com a presença do autor, ocorre no dia 26 de março, no Instituto Ling, em Porto Alegre, às 18h30min.