Práticos e prontos para o consumo, os alimentos ultraprocessados fazem parte da realidade de muitos brasileiros. Um estudo publicado nesta quarta-feira (28) no The BMJ, periódico científico do Reino Unido, apontou que os salgadinhos, biscoitos, refrigerantes e outros itens dessa categoria estão diretamente associados a 32 efeitos prejudiciais à saúde, incluindo um maior risco de doenças e morte precoce.
Com os 45 trabalhos revisados, a publicação é considerada uma das mais abrangentes sobre o assunto, que tem sido objeto de estudo de diferentes áreas da saúde. A revisão envolveu especialistas de diversas instituições líderes, incluindo a Escola de Saúde Pública Johns Hopkins Bloomberg, nos Estados Unidos, a Universidade de Sydney, na Austrália e a Universidade Sorbonne, na França.
De acordo com a revisão, alimentos ultraprocessados correspondem a mais de 40% da dieta da população de alguns países, como é o caso da Austrália e dos Estados Unidos, por exemplo. Em 10 anos, o consumo desses produtos pelos brasileiros teve aumento médio de 5,5%. O estudo aponta, ainda, que a alimentação baseada em ultraprocessados é mais comum para pessoas mais jovens, mais pobres e moradores de áreas desfavorecidas e vulneráveis.
A revisão abrangente relata, também, um risco maior de efeitos adversos de saúde associados ao consumo desses mantimentos. A publicação confirmou que pessoas que consomem esses produtos tem mais chances de mortalidade precoce e de desenvolver doenças cardiovasculares, transtornos psicológicos, sobrepeso e obesidade, doenças respiratórias, problemas gastrointestinais, câncer e diabetes tipo 2, entre outros.
Entre os tumores, o estudo destaca os cânceres colorretal, de mama, pâncreas e próstata. Na lista de transtornos psicológicos, estão a ansiedade, sono desregulado e depressão. Condições como asma, hipertensão e doença de Crohn também foram ressaltadas.
Entenda a classificação dos alimentos:
- In natura: obtido diretamente de fontes vegetais (plantas) ou animais (carnes) e que não sofreram nenhuma alteração. Entram nesta categoria folhas, frutas, verduras, legumes, ovos, carnes e peixes.
- Minimamente processados: foram submetidos a algum processo de corte, limpeza, congelamento, trituração e pasteurização. Lentilha, arroz, feijão, farinha de trigo e massas caseiras podem ser classificados assim.
- Processados: receberam adição de sal, açúcar ou outro produto que torne o alimento mais durável ou atraente. Fazem parte desta lista alimentos como sardinha, atum, compotas de frutas e conservas de legumes.
- Ultraprocessados: passaram por diversas alterações e contém muitos aditivos e ingredientes industriais. São incluídos nesta categoria biscoitos recheados, refrigerantes, pizzas congeladas, nuggets e salsichas.