Os testes rápidos de covid-19 na rede pública estão em falta no Rio Grande do Sul. A informação é do Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs/RS), que, ao mesmo tempo, garante que o monitoramento de casos da doença não está prejudicado.
O envio do insumo é realizado pelo Ministério da Saúde, que atualmente está desabastecido. O último repasse do governo federal ocorreu em fevereiro: foram aproximadamente 11 mil testes doados pela Organização Pan-Americana da Saúde (Opas).
— Esses 11 mil a gente já distribuiu aos municípios porque estávamos com a demanda reprimida — informou Leticia Martins, técnica do Núcleo de Doenças Respiratórias do Cevs/RS.
Letícia afirma que, apesar da disponibilidade reduzida desse tipo de testagem na rede pública de saúde, ainda é possível acompanhar a evolução dos casos relacionados ao vírus e oferecer o devido tratamento. Principalmente, quando se trata de infecção severa.
Orientação: testes para grupos de risco
Para que um teste seja aplicado no Rio Grande do Sul, a pessoa que se dirige até uma unidade básica de saúde ou a um pronto atendimento precisa se encaixar em alguns grupos específicos ou apresentar caso de maior gravidade.
A nota informativa 23/2023, publicada pela Secretaria Estadual da Saúde, recomenda a testagem rápida sempre que possível, de casos de síndrome gripal envolvendo pessoas que fazem parte dos grupos de alto risco para desenvolvimento de formas graves de covid-19, como idosos, indígenas, pacientes com múltiplas comorbidades, imunocomprometidos e gestantes. Essa orientação independe dos sintomas serem considerados leves.
Por outro lado, o documento destaca que todos os casos de síndrome respiratória aguda grave devem ser testados por uma técnica diferente, o RT-PCR. O "padrão-ouro", como também é conhecido, não está em falta no RS, segundo Leticia Martins.
— Todo caso que hospitaliza com um quadro respiratório a gente investiga para quatro principais vírus respiratórios de importância para a saúde pública. São eles: o SARS-CoV-2 (coronavírus), Influenza A e B (gripe) e o vírus sincicial respiratório. Então a recomendação é que em casos de pessoas hospitalizadas nem se utilize teste rápido porque é só para coronavírus. Dizer que não é covid-19 não vai me dizer por causa de qual vírus alguém está internando — esclarece.
A nota informativa destaca que, em situações de desabastecimento de testes rápidos, pacientes que fazem parte dos grupos de risco para desenvolvimento da doença podem ser testados por RT-PCR, dentro das condições logísticas, mesmo quando os sintomas forem considerados leves.
— Testar ou não positivo para covid-19 não pode determinar minha conduta — reforça Leticia Martins ao recomendar medidas de proteção (uso de máscara e evitar aglomerações, por exemplo) diante de um quadro de síndrome gripal, independentemente do tipo de vírus.
Testagem disponível na rede pública da Capital
Como os testes recebidos pelo Estado são distribuídos aos municípios, a equipe de reportagem de GZH entrou em contato com a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Porto Alegre em busca de informações sobre o cenário atual.
A assessoria de imprensa da SMS informou que a Capital segue a recomendação estadual sobre o uso racional de testes rápidos de antígeno nos casos de síndrome gripal.
A nota pontua que os "testes rápidos são restritos aos seguintes grupos de sintomáticos respiratórios: idosos, indígenas, pacientes com múltiplas comorbidades, imunocomprometidos, gestantes e puérperas e indivíduos sem esquema primário de vacinação contra covid-19".
De acordo com a secretaria, nenhuma unidade de saúde reporta, atualmente, falta do insumo. No entanto, já se trabalha com essa possibilidade num futuro próximo se não houver novas remessas.
Informações obtidas por GZH junto à Atenção Primária à Saúde de Porto Alegre dão conta de que há previsão de uma nova remessa ainda em março. O Ministério da Saúde foi acionado pela reportagem, mas não respondeu até o fechamento desta reportagem.
Atualmente, a vacinação contra a covid-19 na rede pública permanece restrita no Estado, que segue orientações do governo federal. Nos postos de Porto Alegre, somente quem faz parte dos grupos prioritários ou ainda não completou o esquema vacinal básico, com duas doses, pode se vacinar. O imunizante segue sem previsão de venda em farmácias privadas da cidade.