Um projeto, realizado entre outubro e dezembro, capacitou 1,9 mil voluntários na Capital para prestar atendimentos em situações emergenciais de paradas cardiorrespiratórias (PCR).
A iniciativa teve origem no Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) de Porto Alegre, e foi viabilizada por meio do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do SUS (Proadi-SUS), do Ministério da Saúde. Os treinamentos foram realizados por equipes do Hospital Moinhos de Vento.
Chamado Cidade Cardio Protegida, o projeto proporcionou treinamento para os voluntários utilizarem desfibriladores e realizarem compressões torácicas até a chegada de uma ambulância do Samu no local da emergência.
Dessa forma, quando houver uma ligação ao número 192 relatando uma ocorrência de PCR, o próprio sistema do Samu vai enviar uma notificação em um aplicativo, cadastrado junto aos voluntários capacitados, para buscar alguém que esteja em um raio de até 500 metros do local e que possa prestar o atendimento inicial.
Com verbas do Proadi-SUS, 145 desfibriladores externos automáticos (DEAs) foram adquiridos e distribuídos em farmácias Panvel e São João, localizadas em diferentes regiões da Capital, para uso público. Os equipamentos, que também têm sua localização sinalizada no aplicativo, podem ser levados pelos voluntários até o local da ocorrência para atender as vítimas.
— Já tivemos duas situações onde voluntários foram acionados e se deslocaram até o local da ocorrência para atendimento. Em situações em que cada minuto conta, esse acionamento e esse atendimento mais ágil faz toda a diferença para quem tem uma parada cardiorrespiratória — explica Fernanda Donner, consultora técnica de projetos do Hospital Moinhos de Vento e líder operacional do Cidade Cardio Protegida.
Entre os voluntários capacitados, estão estudantes e profissionais da área da Saúde, equipes da Defesa Civil do município, e também leigos que se interessaram pela atividade. De acordo com Fabiano Barrionuevo, coordenador do Samu em Porto Alegre, a atuação dos voluntários pode reduzir de forma significativa o tempo para início das manobras de reanimação das vítimas de paradas cardiorrespiratórias.
— O projeto teve inspiração em programas internacionais, que têm resultados muito promissores. Hoje, o tempo médio de chegada de uma equipe completa do Samu para atendimento de paradas cardiorrespiratórias em Porto Alegre é de 15 minutos, e com os voluntários, esse tempo pode ser de 10, cinco ou até dois minutos, dependendo da localização do voluntário, o que é decisivo para salvar vidas nessas situações — afirma Fabiano.
Ele ainda destacou que, a cada minuto de espera sem manobras efetivas de compressão torácica, a chance de sobrevivência de uma pessoa em parada cardíaca reduz em cerca de 10%.
O treinamento teve início em 16 de outubro, e esta primeira etapa se encerra no próximo domingo (31). Nas próximas semanas, Ministério da Saúde, Hospital Moinhos de Vento e Samu Porto Alegre farão uma avaliação das atividades, considerando a possibilidade de manter o programa também no próximo ano. Conforme o coordenador do Samu na Capital, o objetivo final do projeto é capacitar, pelo menos, 20 mil socorristas voluntários em Porto Alegre.