O Sindisaúde-RS, sindicato que representa técnicos e auxiliares de enfermagem, pretende entrar com uma ação coletiva pela reintegração dos funcionários demitidos pelo Instituto de Cardiologia (IC) de Porto Alegre, na semana passada. De acordo com a entidade, não houve garantia de pagamento das rescisórias por parte da gestão da instituição de saúde durante uma reunião realizada nesta segunda-feira (20). No início da manhã, a Fundação Universitária de Cardiologia (FUC), que administra o instituto, entrou com pedido de recuperação judicial junto à Vara Regional Empresarial da Comarca de Porto Alegre.
Em nota, o Sindisaúde-RS informou que a gestão do Instituto de Cardiologia “disse não ter recursos para gerir a instituição” e que, com isso, entrará já nesta tarde com a ação coletiva pedindo a reintegração dos trabalhadores e com ações individuais para quem assim desejar. Cerca de 274 profissionais foram demitidos na semana passada — medida que ocorreu por conta de uma "estruturação do hospital", que afirmou ter "compromisso de redução de 20% na folha".
O sindicato afirmou que, enquanto não receberem cautelar favorável à reintegração, manterão uma “vigília diária em frente ao hospital, das 8h às 18h”. Além disso, destacou que vê no pedido de recuperação judicial da FUC “os claros efeitos do que o presidente do sindicato, Julio Jesien, descreveu em opinião publicada em Zero Hora em 5 de junho de 2023: o Programa Assistir do governo estadual está falindo a saúde pública pela falta de investimentos em saúde”.
Conforme o texto do Sindisaúde-RS, esse baixo investimento foi identificado por um grupo de trabalho formado por associações de municípios, secretarias de saúde e patronais. “Talvez agora que não são os trabalhadores denunciando, mas sim gestores, a nossa denúncia seja, enfim, ouvida e solucionada. Não se pode, também, de forma alguma isentar de culpa a péssima e, no mínimo, obscura gestão do hospital”, aponta a nota.
Por fim, o sindicato garantiu que prestará toda assistência jurídica necessária aos trabalhadores, com as devidas ações coletivas e individuais.
O que diz o Simers
Marcelo Matias, vice-presidente do Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers), destaca que a entidade recebe a notícia do pedido de recuperação judicial da FUC com “extrema preocupação”, já que, mais do que um hospital histórico, o Instituto de Cardiologia é responsável por oferecer atendimento de ponta para todo o Estado e formação de qualidade aos médicos.
Segundo o Simers, 34 médicos foram desligados do Instituto de Cardiologia. No final da manhã desta segunda-feira, representantes da instituição de saúde estiveram na sede do sindicato, para uma reunião que durou mais de uma hora. O Simers informou que ouvirá os profissionais demitidos para definir suas medidas, mas, a princípio, entrará na Justiça.