O Instituto de Cardiologia (IC) de Porto Alegre demitiu 280 funcionários nesta semana, segundo apurou GZH nesta sexta-feira (17). À reportagem, o centro disse que a medida ocorreu por conta de uma "estruturação do hospital", que afirmou ter "compromisso de redução de 20% na folha". Antes das demissões, o Cardiologia tinha cerca de 1,4 mil colaboradores. Segundo a gestão, os funcionários demitidos atuavam nos setores administrativos e assistencial.
A Fundação Universitária de Cardiologia sustenta que os desligamentos não impactam consultas já agendadas, agendamentos de procedimentos e orientações de acesso ao hospital. Na tarde desta sexta-feira (17), o Sindisaúde, que representa técnicos e auxiliares de enfermagem, realizou um protesto em frente ao Instituto de Cardiologia, com cerca de 40 funcionários e representantes participando do ato.
A medida ocorre em um momento no qual a instituição enfrenta uma crise financeira. Em julho, a Fundação Universitária de Cardiologia (FUC), que administra o IC, informou uma dívida na casa dos R$ 45 milhões. Somado a isso, no mesmo mês, funcionários entraram em greve por conta de atrasos de salários.
Julio Jesien, presidente do Sindisaúde, diz que o sindicato não foi informado previamente do procedimento.
— As demissões começaram ontem (quinta-feira, dia 16) e seguem acontecendo hoje (sexta, dia 17). Ficamos sabendo conforme os trabalhadores foram sendo demitidos. Não tivemos qualquer contato formalizado pelo Cardiologia para discutir a situação que reflete neste momento aos trabalhadores — afirma.
Jesien diz que a ideia é se reunir com a direção do IC durante o dia para discutir a medida:
— Vamos fazer o possível na Justiça para reverter as demissões e atender os trabalhadores dentro dos anseios de cada um deles.
Uma das demitidas foi Marilaine Barcellos de Oliveira, 57 anos, que atuava na função de auxiliar administrativo havia quase 17 anos.
— Muitas pessoas novas e antigas foram demitidas. Eu esperava que meu momento chegasse, mas não pensei que seria agora. Estamos apreensivos para saber se vamos receber nossas rescisões. Ontem (quinta) foi um horror dentro do hospital — comenta.
O mesmo ocorreu a uma auxiliar de enfermagem com 24 anos na instituição que preferiu não ser identificada na reportagem.
— Simplesmente fomos chamados na chefia e demitidos. Nos falaram que seria por causa da crise que o hospital estaria passando. Disseram que vão nos pagar em 10 dias — relata.
Na próxima segunda-feira (20), representantes do Sindisaúde terão uma reunião com a diretoria do hospital para discutir os pagamentos das rescisões de contratos.
Confira a nota do Instituto de Cardiologia:
O Instituto de Cardiologia do RS assumiu o compromisso com o Ministério Público e entidades gestoras da área da saúde de reduzir em 20% sua folha de pagamento. É de conhecimento da sociedade gaúcha que o hospital passa por dificuldades financeiras, sendo necessária uma importante reestruturação de seus gastos atuais. O Instituto lamenta a perda dos seus colaboradores, mas entende esse compromisso como medida imprescindível para a manutenção dos atendimentos e da qualidade técnica já reconhecida em todo o Estado.