Os chamados vírus "zumbis", adormecidos há quase 50 mil anos, voltaram a amedrontar os especialistas que os estudam constantemente. Segundo o virologista Jean-Michel Claverie, que analisa os patógenos, há chances de estes organismos voltarem à vida, devido às mudanças climáticas e o consequente derretimento das calotas polares na região da Sibéria. As informações são do jornal O Globo.
À medida que há descongelamento do permafrost — camada espessa de gelo na região que abrange a maior parte do norte asiático que, em teoria, não deveria derreter — mais chances de o retorno de micróbios adormecidos acontecer, segundo um artigo publicado na revista Nature, em 2021.
No ano passado, Claverie e sua equipe investigaram as camadas mais profundas do permafrost, e extraíram vários vírus antigos, todos eles prejudicais à saúde e extremamente infecciosos. Entre eles, estão patógenos com aproximadamente 48, 5 mil anos de existência.
Claverie já havia compartilhado seus estudos sobre os vírus "zumbis", em 2014, e comentou que poderiam ser extraídos a fim de serem estudados. Por motivos de segurança, sua equipe focou apenas nos vírus capazes de infectar amebas, evitando qualquer risco de contaminação humana.
— 50 mil anos atrás no tempo nos levam à época em que o Neandertal desapareceu da região. Se os neandertais morressem de uma doença viral desconhecida e este vírus ressurgisse, poderia ser um perigo para nós —explica.
Em 2023, os estudiosos alertam para o perigo do rápido descongelamento das geleiras no local e, com o aquecimento da Terra, a previsão é de que o Ártico perderá todo o seu gelo até a década de 2030.