A Diretoria de Vigilância em Saúde da Secretaria de Saúde de Porto Alegre emitiu um alerta em razão do aumento expressivo de casos de hepatite A. De janeiro a julho deste ano, foram contabilizados 117 registros, crescimento de 409% em relação ao mesmo período de 2022, quando houve 23 notificações. Em todo o ano passado, foram 66 registros.
Em 2022, 58 pacientes (88%) eram do sexo masculino. Quanto à faixa etária, 70,5% dos infectados tinham entre 25 e 44 anos. Neste ano, a prevalência masculina permanece: dos 117 casos confirmados, 71 foram em homens. A faixa etária mais atingida também é a mesma: 59,5% dos registros são no intervalo de 25 a 44 anos.
De acordo Fernanda Vaz Dorneles, enfermeira e técnica em Vigilância Epidemiológica de Porto Alegre, as infecções costumavam ocorrer principalmente entre crianças em idade escolar, mas o perfil vem mudando há alguns anos. Agora, a maioria das confirmações envolve homens que fazem sexo com outros homens.
— Desde 2018, o Brasil vem vivendo um surto de hepatite A. A transmissão é via fecal-oral, pode acontecer através do contato com a água ou o alimento contaminado, mas sabemos também que ela está ligada à relação sexual desprotegida, ao contato da boca com o ânus — explica Fernanda.
Alerta preventivo
A Equipe de Vigilância das Doenças Transmissíveis, da Diretoria de Vigilância em Saúde, recomenda que a estratégia de vacinação, disponível via Sistema Único de Saúde (SUS), seja reforçada para crianças de 15 meses até cinco anos incompletos.
O imunizante também está à disposição de populações específicas, como pessoas que vivem com HIV, portadores das hepatites B e C, diagnosticadas com fibrose cística e outras doenças do fígado, além de pacientes transplantados.
Transmissão e sintomas
Infecção causada pelo vírus A da hepatite, a doença possui na maioria dos casos um caráter benigno, mas a gravidade dos sintomas e até mesmo o risco de morte aumentam com o avançar da idade. A transmissão se dá, principalmente, pelo contato de fezes com a boca através de água ou alimentos contaminados, exposição a baixos níveis de saneamento básico e de higiene pessoal e relação sexual desprotegida (sexo oral-anal).
Quando sintomática, a hepatite A costuma aparecer de 15 a 45 dias após a exposição ao vírus. Os sintomas podem se assemelhar aos de outros problemas de saúde ao apresentar fadiga, mal-estar, febre e dores musculares. Além disso, existe a possibilidade da ocorrência de enjoo, vômitos, dor abdominal, constipação ou diarreia. Segundo o Ministério da Saúde, a presença de urina escura ocorre antes do início da fase em que a pessoa pode ficar com pele e olhos amarelados.
O diagnóstico é feito pela realização de exame de sangue no caso de infecção atual ou recente — os anticorpos podem ser detectados pelo período de aproximadamente seis meses. Já o tratamento é sintomático — foca na amenização dos sintomas do paciente infectado pelo vírus.