O Ministério da Saúde aumentará o número de Centros de Atenção Psicossocial (Caps), uma espécie de postos de saúde mental do Sistema Único de Saúde (SUS), afirmou a titular da pasta, Nísia Trindade, na manhã desta quarta-feira (21). O governo federal deve lançar um edital para credenciamento nas próximas semanas.
— A saúde mental é um problema que aflige todo mundo e que foi intensificado pela pandemia. Vamos lançar nas próximas semanas um credenciamento de novos Centros de Atenção Psicossocial, que são unidades do nosso Sistema Único de Saúde voltadas para a atenção à saúde mental. Nós reestruturamos um departamento para isso, portanto esse trabalho será feito com muita qualidade dentro dos princípios do SUS e da nossa visão ancorada na reforma psiquiátrica. Faremos esses credenciamentos, o que reforçará o programa de saúde mental — disse a ministra em resposta à Rádio Gaúcha durante o programa Bom Dia, Ministro, organizado pela Empresa Brasileira de Comunicação (EBC).
Especialistas em saúde mental afirmam há décadas que o SUS tem uma carência na oferta de Centros de Atenção Psicossocial. Além disso, faltam psiquiatras, psicólogos, terapeutas ocupacionais e outros profissionais da área no sistema público.
Após a pandemia, o SUS passou a ser ainda mais pressionado em virtude do aumento de doenças mentais, sobretudo depressão. Estudo da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) mostrou que a doença era presente em menos de 10% dos brasileiros antes da pandemia e passou a ser realidade de 13,5% da população no primeiro trimestre deste ano. No Rio Grande do Sul, eram quase 13% antes da pandemia e, depois, são 16%.
A depressão avançou em todas as faixas etárias, mas o maior aumento foi entre indivíduos de 18 a 24 anos. O cenário preocupa porque, no Brasil, o suicídio é a quarta maior causa de morte entre brasileiros de 15 a 29 anos, após acidentes no trânsito, tuberculose e violência interpessoal. Entre todas as capitais brasileiras, Porto Alegre tem o mais alto índice de indivíduos deprimidos.
Trindade também afirmou que o Ministério da Saúde está preocupado com a queda na coberta vacinal de diferentes doenças, sobretudo sarampo e poliomielite, cuja circulação estava erradicada nas Américas, mas agora voltou ao Brasil.
– Intensificar a importância da vacinação é fundamental. A partir de agosto, teremos ações em todas regiões do Brasil, em escolas e comunidades. O ministério vem coordenando ações com Estados e municípios para fazer chegar a mensagem e ofertas as vacinas – disse a titular da pasta.