Não bastassem os problemas causados pelo cigarro de tabaco, um novo produto vem disputar esse espaço: o cigarro eletrônico, comumente chamado de vape. Apesar de sua comercialização e importação serem proibidas no Brasil, não raro é possível encontrar pessoas — sobretudo jovens — utilizando o produto.
Conforme Luiz Carlos Corrêa da Silva, médico pneumologista da Santa Casa de Porto Alegre e um dos criadores do projeto Fumo Zero, há uma crença errônea de que o cigarro convencional poderia ser trocado pelo vape. Esta quarta-feira (31) marca o Dia Mundial Sem Tabaco. Na data, o profissional destaca que há riscos nos dois produtos.
— As pessoas acham que vape não faz mal, é inócuo, que não causa doenças como câncer. Isso é um engano, uma leitura enviesada, porque se o vape contém nicotina, já é um mecanismo de viciar a pessoa — explica.
O vape introduz nicotina no sistema respiratório e no sangue, além de substâncias que são utilizadas para formar o vapor - que não é uma fumaça -, algumas das quais são cancerígenas e tóxicas.
— Estamos trocando um veneno por outro — destaca o pneumologista.
Portanto, o vape também é considerado um produto ruim e que causa danos. Conforme Corrêa da Silva, com o produto, é possível desenvolver uma intoxicação pulmonar. Ele lembra que nos Estados Unidos, há quase uma década, foram registradas mortes por pessoas que fumaram cigarro eletrônico e tiveram doenças necrosantes do pulmão.
— Hoje, os jovens estão com o vape no canto, no banco, na praça. Por enquanto, é um jovem fumando vape no recreio, na festinha. Daqui a pouco, vai estar fumando várias vezes por dia, e aí, quanto mais fuma, mais vai fumar — ressalta.
Se o jovem começou a utilizar vape achando que não faz mal, pode ter dificuldade em parar, porque tornou-se dependente da nicotina, explica o pneumologista. Na visão do médico, o melhor caminho é o diálogo entre as famílias, apelando ao raciocínio do jovem e o fazendo encarar a situação. A proibição, por vezes, é pior, sendo melhor a conscientização, enfatiza Corrêa da Silva.
O profissional destaca, ainda, que os danos do cigarro eletrônico podem ser ainda mais visíveis no futuro, já que o produto é recente — surgiu por volta dos anos 2000. Entretanto, Corrêa da Silva defende que apenas observar as consequências não é o suficiente, a sociedade e as autoridades precisam agir para evitar os perigos do cigarro eletrônico.
— Tem de haver posições um pouco mais firmes — cobra o pneumologista.