A secretária estadual de Saúde, Arita Bergman afirmou, nesta quinta-feira (18), que a menina Larah Silveira de Oliveira, que morreu nesta quarta-feira (17) após ficar 99 dias internada na Unidade de Terapia Intensiva do Hospital Universitário São Francisco de Paula, em Pelotas, não poderia ser levada a Porto Alegre para seguir o tratamento necessário.
A menina, que foi diagnosticada com uma malformação no intestino delgado ainda na 25ª semana de gestação, ficou desde o nascimento no hospital local. A causa clínica da morte segundo a instituição foi "insuficiência respiratória".
— Essa menina tinha outros agravos que não só aquele, deveria ir para um hospital especializado em Porto Alegre. Então, a equipe técnica do hospital onde ela estava passou uma orientação de que ela não teria condições clínicas de ser removida — explicou Arita.
Na tarde de terça-feira (16), véspera da morte de Larah, uma decisão judicial havia determinado que ela seria transferida para Porto Alegre em até 24 horas, solicitando que houvesse busca de vagas na 3ª Coordenadoria Regional de Saúde e da Secretaria Municipal de Saúde de Porto Alegre.
No entanto, a transferência não foi efetuada. Além da dor causada na família e amigos, a morte de Larah gerou debate sobre a transferência da criança. A mãe da menina, Dariane Fonseca, garante que ouviu de médicos a confirmação de que haveria condições clínicas para o transporte da menina para a capital.
— Estamos lutando há meses por um atendimento especializado em Porto Alegre. Os médicos me disseram que ela poderia ser transportada entubada e ter um atendimento melhor para poder sobreviver — lamenta Dariane.
Através de nota, o Hospital São Francisco de Paula informou que, devido à necessidade de complementação diagnóstica e continuidade de tratamento especializado, a menina Larah foi cadastrada no Sistema de regulação de leitos. No entanto, "não houve disponibilização de leito para a transferência no período em que o paciente esteve internado".
Também em nota institucional, a secretária de saúde de Pelotas, Roberta Paganini, lamentou profundamente a morte de Larah, e reafirmou ''que a equipe deu todo acompanhamento e suporte possível à menina", adiconando que o órgão não tem "governabilidade sobre a liberação de leitos por parte do município de Porto Alegre". A reportagem de GZH tentou contato com a médica pediatra Nélida Medronha, mas ela não quis se manifestar.
O corpo de Larah foi sepultado na tarde desta quarta-feira em Pelotas. Além da mãe Dariane e do pai Mauricio, a menina deixou saudade para os irmãos mais velhos Yan, nove anos e Iago, quatro anos. Em conversa com a mãe, os meninos perguntam onde foi parar a irmã.
— Os dois me perguntam se ela virou uma estrelinha e onde podem ver a irmã — completou emocionada a mãe Dariane.