A emergência do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA) completou, nesta sexta-feira (21), dois meses de superlotação. Desde a terça-feira de Carnaval, o número de atendimentos na emergência adulta se encontra acima da capacidade máxima. Durante esses sessenta dias, o atendimento está restrito a casos mais graves.
Segundo dados mais recentes da Secretaria Municipal da Saúde (SMS), no início da tarde de sexta havia 109 pessoas internadas para 56 leitos, uma ocupação de 194,64%. Na terça-feira (18) esse número chegou a 253%.
A lotação das emergências na Capital tem ocorrido antes do esperado neste ano. Segundo o chefe interino da emergência do HCPA, Daniel Pedrollo, são vários motivos que explicam esse fenômeno.
— Passou a ocorrer uma procura que talvez estivesse dentro do habitual de antes da pandemia. Acho que tem também um fator desse período todo de pandemia que causou um agravamento das doenças, após a retomada das atividades. Com isso, as equipes se desdobram para tentar atender mais pacientes do que do que normalmente o fazem. Há um esforço para que as pessoas não fiquem nunca sem o seu cuidado necessário, mas gera um estresse. Porque se acaba se se fazendo mais do que normalmente é o programado — afirma.
Ainda no mês passado, autoridades da instituição tinham a expectativa de reduzir a demanda antes do período mais frio, onde cresce o número de diagnósticos por doenças respiratórias. No entanto, os atendimentos seguem acima do normal para o outono. Ainda segundo Pedrollo, medidas têm sido colocadas em prática para amenizar a pressão nas emergências. Um exemplo é o uso de leitos eletivos para internação de pacientes. Se o cenário for mantido até o início do inverno, ele acredita na necessidade do sistema de saúde municipal agir em conjunto com os hospitais.
— A gente segue tentando esse planejamento (de reduzir a demanda). Se chegar nesse nível no período de frio intenso nós vamos ter que pensar em outras estratégia que não dependem de um só local, mas sim de uma estratégia para toda a cidade. Pois isso, não é uma demanda exclusiva do hospital, mas de diversas emergências na cidade tem enfrentando essa lotação.
Atualmente, dez das onze emergências da Capital estão com a taxa de ocupação acima dos 100%, incluindo as quatro Unidades de Pronto-Atendimento — Bom Jesus, Cruzeiro do Sul, Lomba do Pinheiro e Moacyr Scliar. Apenas o hospital da Restinga estava abaixo dessa marca, com 77,78%. A orientação para quem desenvolve sintomas mais leves, é que sejam procuradas Unidades Básicas de Saúde para não sobrecarregar as Upas e os hospitais.
O município pretende iniciar, no mês de maio, a Operação Inverno. A medida ocorre todos os anos durante os meses mais frios e busca reforçar a capacidade de atendimento nas emergências.