O cenário epidemiológico da covid-19 no Rio Grande do Sul, no momento, é considerado estável por especialistas consultados por GZH nesta segunda-feira (7). Apesar da alta de casos verificada em outros pontos do Brasil e da confirmação da primeira ocorrência da variante BQ.1 pela Secretaria Estadual da Saúde (SES), não há, por enquanto, motivo para grande preocupação. É preciso acompanhar o trabalho da vigilância epidemiológica ao longo dos próximos dias e semanas.
A medida fundamental a ser tomada é manter o esquema vacinal completo contra a doença. Quem ainda tem doses faltando deve procurar uma unidade de saúde. Eduardo Sprinz, médico infectologista e chefe do Serviço de Infectologia do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA), explica que variantes como BQ.1 e XBB apresentam mutações capazes de driblar as defesas do sistema imunológico.
— A vacina é a arma que temos contra a evolução para as formas mais graves da covid. Quanto maior o número de doses que a pessoa tiver, melhor — afirma Sprinz.
Infectologista da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre e do Hospital Mãe de Deus, Cezar Würdig Riche observa que não há aumento de pacientes sintomáticos e de resultados positivos nas testagens para coronavírus, classificando o período atual como seguro. Riche ressalta a importância das vacinas e de o indivíduo se submeter a teste caso apresente sintomas compatíveis (coriza, dor de garganta, tosse, dores no corpo, mal-estar, febre).
— Estratégias vão sendo desenhadas em cima de cada região. O Brasil é muito grande. Um comportamento visto em São Paulo não ocorrerá, obrigatoriamente, aqui. Ou, ocorrendo aqui, não quer dizer que será concomitante. Daqui a pouco, São Paulo e Rio de Janeiro podem estar (com casos) em baixa, o que não quer dizer que aqui deveremos baixar a vigilância — argumenta Riche.
Sprinz complementa:
— Neste momento, não há incremento no número de casos novos. Imaginamos que vá acontecer, mas sabe-se lá qual a magnitude (do impacto) das novas subvariantes em uma população parcialmente protegida.
Quanto ao uso de máscaras, Sprinz reconhece o cansaço generalizado da população e sugere que sejam utilizadas por quem desejar. O médico do HCPA faz uma comparação com a epidemia de gripe H1N1, em 2009:
— Na comparação com a covid hoje, a H1N1 era mais letal, e não usamos máscara naquela época, só para atender os pacientes. E ainda não tinha a vacina. Temos mais é que investir na vacinação.
Riche acredita ser importante a manutenção do uso do equipamento de proteção individual (EPI) em instituições e serviços de saúde, mesmo com a decisão da prefeitura de Porto Alegre de desobrigar a proteção a partir desta segunda-feira (7), tornando-a apenas “recomendada”. O objetivo é o autocuidado e também a proteção dos demais.
— É preciso que as pessoas entendam que estão indo a um local com imunocomprometidos (indivíduos com problemas nas defesas do organismo) e que há risco maior de ter contato com casos positivos — alerta o infectologista da Santa Casa e do Mãe de Deus.
Idosos e pacientes com comorbidades, além dos imunocomprometidos, podem se beneficiar das proteções faciais em locais fechados com aglomerações e no transporte público sem boa ventilação. A higiene frequente das mãos continua sendo medida bem-vinda para evitar não só a covid-19, mas também outras doenças. A SES orienta que pessoas com sintomas respiratórios e as assintomáticas que vivem com alguém que testou positivo para covid-19 também devem utilizar máscaras.