Após o comunicado de que a varíola dos macacos — conhecida como monkeypox, em inglês — está em transmissão comunitária no Rio Grande do Sul, divulgado na semana passada, a Secretaria Estadual da Saúde (SES) não deve ter mudanças em protocolos já colocados em prática.
De acordo com o Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs), o desafio continua sendo identificar, isolar e monitorar casos da doença para interromper cadeias de infecção — para isso, é fundamental rastrear e orientar aqueles que tiveram contato mais próximo com os doentes.
O quadro de transmissão comunitária se configura a partir do momento em que não é possível apontar a origem do contágio. Importante frisar que esse status não significa dizer que “não tem mais o que fazer, vou pegar de qualquer jeito”, alerta Marcelo Vallandro, epidemiologista do Cevs. Em retrospecto, há dúvida sobre como o indivíduo adoeceu, mas é possível alertar pessoas com quem ele conviveu de perto quando já estava infectado. Prospectivamente, o trabalho dos agentes sanitários continua sendo importantíssimo.
— É fundamental que consigamos interromper a transmissão. Reforçamos bastante essas condutas com os municípios: rastrear e monitorar os contatos mais próximos, familiares, colegas de trabalho — diz Vallandro.
O sintoma mais característico da varíola dos macacos são as erupções cutâneas, mas ainda assim ocorre diversidade de apresentações. Há pacientes que desenvolvem apenas uma bolha, enquanto outros têm inúmeras, por exemplo. Quando houver suspeita, pode-se buscar orientação e atendimento em unidades básicas de saúde (UBS).
— Os municípios é que organizam a sua rede de saúde. Existem particularidades em cada um dos 497 municípios gaúchos — observa o epidemiologista do Cevs.
Segundo Vallandro, há cidades onde serviços específicos são concentrados em alguns postos. Por exemplo: de um conjunto de 10 unidades de saúde de determinada localidade, três ou quatro são as referências para o atendimento de suspeita ou confirmação de monkeypox. Antes de sair de casa, vale se informar sobre a estrutura disponibilizada para esse tipo de serviço.
Em Porto Alegre, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) orienta a população a se dirigir a uma das 132 UBS e quatro Unidades de Pronto Atendimento (UPAs): Cruzeiro do Sul, Bom Jesus, Lomba do Pinheiro e Moacyr Scliar. A partir da avaliação, se for necessário coleta de amostra para exame, o paciente será orientado sobre os endereços aonde pode se dirigir para testagem.
Até esta terça-feira (22), o Brasil contabilizava 3.896 casos confirmados de varíola dos macacos e 4.155 casos suspeitos em 23 unidades da federação, conforme balanço do Ministério da Saúde. O Rio Grande do Sul respondia por 61 dos confirmados e 253 dos que ainda aguardam conclusão da investigação.