O Lar São Vicente de Paula, em Novo Hamburgo, demitiu 13 profissionais (dois enfermeiros e 11 técnicos em enfermagem) e fechou o setor da enfermagem por tempo indeterminado. O motivo da decisão seria o impacto financeiro que a sanção do piso salarial nacional da enfermagem trouxe para as contas fixas mensais da entidade.
Segundo a presidente voluntária da instituição, Pâmela Campos, a entidade, que atende idosos em vulnerabilidade, depende de doações para se manter. Com uma conta fixa mensal de R$ 100 mil, a única verba que entra a cada mês é da aposentadoria dos 43 idosos que residem no local, o que totaliza, em média, R$ 50 mil. A outra metade do valor, segundo Pâmela, vem de doações, eventos e da participação ativa da comunidade.
O que a presidente não esperava era que, com o reajuste da categoria, as contas fixas sofressem um acréscimo de R$ 40 mil.
— Estamos sempre no limite das contas mas, ainda assim, não temos uma sobra deste montante para suprir o impacto dos salários dos funcionários da enfermagem — explica.
Sem saída, a entidade optou por encerrar as atividades do setor.
— Não encontramos outra saída a não ser encerrar o setor da enfermagem. É um retrocesso imenso, e sabemos que nossa credibilidade vem também deste trabalho de enfermagem ofertado dentro do lar, sempre foi uma equipe muito qualificada. Mas a cada dia que mantivéssemos os funcionários, seriam novos passivos trabalhistas que estaríamos gerando — lamenta Pâmela.
Agora, a administração do Lar São Vicente de Paula quer realizar a contratação de novos cuidadores para ajudar a suprir a demanda dos residentes. Com isso, o trabalho mais específico será redirecionado ao sistema público de saúde e parcerias com empresas privadas de saúde de Novo Hamburgo e da Região Metropolitana.
Vaquinha para pagar a rescisão
Por causa dessa situação, o lar lançou uma campanha de arrecadação para juntar R$ 120 mil, que é a soma total da rescisão dos funcionários e que deve ser paga até o dia 18 de agosto.
Ainda para a presidente, Pâmela Campos, este é um momento crítico e de transição, mas o sonho é, um dia, poder contratar novamente esses profissionais.
— Valorizamos muito nossa equipe e não queremos que nenhum destes profissionais fiquem sem receber o que lhes é de dinheito, então, por isso, estamos fazendo a campanha para pagar a rescisão destes funcionários e nosso sonho, é poder recontratá-los.
Quem quiser ajudar, pode acessar este link.
Setor de enfermagem não é obrigatório
Lares de idosos não são obrigados a manter setores de enfermagem mas, a partir do momento em que têm, devem cumprir com regras do Conselho Regional de Enfermagem (Coren) e das Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPIs), como manter um número específico de profissionais para o número de idosos. Mas este cálculo não é simples. Segundo a assessoria do Coren, ele depende de fatores como o grau de independência de cada residente (1, 2 e 3) e do nível de complexidade de cuidados, que pode variar de mínimo a intensivo.