Identificado na Índia, o novo vírus conhecido como gripe do tomate ou febre do tomate atinge crianças menores de cinco anos. Conforme artigo publicado na revista científica The Lancet, em 17 de agosto, a infecção viral rara está em estado endêmico e é considerada sem risco de morte. No entanto, em razão da pandemia da covid-19, o gerenciamento vigilante é recomendado para evitar novos surtos. Semelhante a outros tipos de gripe, a do tomate é muito contagiosa.
Embora apresente inicialmente sintomas semelhantes aos do novo coronavírus — febre, fadiga e dores no corpo, e alguns pacientes com covid-19 também relataram erupções na pele —, o vírus não está relacionado ao sars-cov-2.
De acordo com a publicação, a gripe do tomate poderia ser um efeito posterior da chikungunya ou da dengue em crianças, em vez de uma infecção viral. O vírus também pode ser uma nova variante da mão-pé-boca, uma doença infecciosa comum que atinge principalmente crianças entre um e cinco anos e adultos imunocomprometidos causada pelo vírus Coxsackie da família dos enterovírus, que habitam normalmente o sistema digestivo e também podem provocar estomatites — espécie de afta que afeta a mucosa da boca.
A gripe do tomate é entendida pelos pesquisadores como uma doença autolimitada, ou seja, desaparece sozinha. Até o momento, não há medicamentos específicos para tratá-la ou vacinas antivirais disponíveis para a prevenção.
A doença ganhou esse nome em razão de erupção de bolhas vermelhas e dolorosas por todo o corpo que gradualmente aumentam para o tamanho de um tomate. Essas bolhas se assemelham às observadas com o vírus da varíola dos macacos em indivíduos jovens.
Contatada pela reportagem de GZH, a assessoria de imprensa do Ministério da Saúde enviou a seguinte nota: "Embora não haja registro de casos no Brasil até o momento, o Ministério da Saúde monitora a evolução da doença na Índia para tomar as devidas medidas preventivas, se necessário".
Sintomas
Os principais sintomas observados em crianças com gripe do tomate são semelhantes aos da chikungunya, que incluem febre alta, erupções cutâneas e dor intensa nas articulações. Há ainda quadros de fadiga, náuseas, vômitos, diarreia, desidratação e dores no corpo.
Tratamento
De acordo com o estudo, nas crianças com esses sintomas, são realizados exames moleculares e sorológicos para o diagnóstico de dengue, chikungunya, zika vírus, varicela-zoster e herpes. Uma vez que essas infecções virais são descartadas, a contração do vírus do tomate é confirmada.
Como a gripe do tomate é semelhante à chikungunya e à dengue, bem como o vírus infantil mão-pé-boca, o tratamento também é parecido — ou seja, isolamento, descanso, bastante líquido e esponja de água quente para aliviar irritações e erupções cutâneas. A terapia de suporte de paracetamol para febre e dor no corpo e outros tratamentos sintomáticos podem ser necessários.
Ainda conforme o artigo publicado no periódico científico The Lancet, as crianças correm maior risco de exposição à gripe do tomate, pois as infecções virais são comuns nessa faixa etária e é provável que a disseminação ocorra por meio de contato próximo. As crianças menores também são mais propensas a infecção por meio do uso de fraldas, tocando superfícies sujas, bem como colocando coisas diretamente na boca.
Dadas as semelhanças com a doença mão-pé-boca, se o surto de gripe do tomate em crianças não for controlado e evitado, a transmissão pode levar a sérias consequências, espalhando-se também em adultos, conforme alertou a publicação. Portanto, é recomendado seguir o isolamento cuidadoso de casos confirmados ou suspeitos e outras medidas de precaução para evitar o espalhamento do vírus.
O isolamento deve ser seguido por cinco a sete dias a partir do início dos sintomas para evitar a disseminação da infecção para outras crianças ou adultos. A melhor solução para a prevenção é a manutenção da higiene, bem como evitar que a criança infectada compartilhe brinquedos, roupas, alimentos ou outros itens com outras não infectadas.
Onde surgiu
A doença foi descoberta pela primeira vez no distrito de Kollam, em Kerala, na Índia, em 6 de maio deste ano. Até 26 de julho de 2022, ao menos 82 crianças menores de cinco anos com a infecção foram relatadas pelos hospitais do governo local. Além disso, 26 crianças (entre um e nove anos) foram relatadas como tendo a doença em Odisha pelo Centro Regional de Pesquisa Médica em Bhubaneswar. Esta doença viral endêmica desencadeou um alerta para os Estados vizinhos de Tamil Nadu e Karnataka. Medidas de precaução estão sendo tomadas pelo Departamento de Saúde de Kerala para monitorar a propagação da infecção viral e impedir sua propagação em outras partes da Índia.