Um estudo identificou que um paciente do Rio Grande do Sul foi reinfectado por diferentes sublinhagens da variante Ômicron com poucos dias de diferença. O resultado foi obtido no Laboratório de Microbiologia Molecular (LMM) da Universidade Feevale e divulgado nesta terça-feira (5), pela Rede Corona-Ômica BR-MCTI.
Conforme o trabalho, duas amostras de um morador de Canoas, de 52 anos, foram colhidas pela Secretaria Municipal de Saúde de Porto Alegre. Os estudos mostraram que o homem foi infectado com a linhagem BA.1.1 e reinfectado pela linhagem BA.2. As coletas para os exames ocorreram nos dias 23 de maio e 8 de junho, uma diferença de 16 dias.
— Quando existia algum mecanismo de mitigação, como o uso de máscara, as pessoas se reinfectavam em um período entre 45 e 60 dias, o que não era normal, mas acontecia. Isso demonstra que precisamos tomar cuidado mesmo após ter tido uma infecção porque, dependendo do contexto que estamos expostos, podemos ter uma segunda infecção — afirma o virologista Fernando Spilki, pró-reitor de Pesquisa, Pós-graduação e Extensão da Universidade Feevale.
Spilki diz não ter conhecimento de um espaço tão curto de reinfecção no país até o momento. No entanto, de acordo com ele, um estudo recente conduzido na Dinamarca mostrou que a BA.2 tem capacidade de reinfectar em um curto intervalo, de 20 a 60 dias, após infecções iniciais.
O Laboratório de Microbiologia Molecular da Feevale analisou 84 amostras de SARS-CoV-2, coletadas entre outubro do ano passado e junho deste ano. A avaliação demonstra que a Ômicron é predominante desde janeiro deste ano, o que acompanha o cenário mundial da covid-19. Ela é composta pelas seguintes sublinhagens: 21K (BA.1), 21L (BA.2), 22A (BA.4), 22B (BA.5) e 22C ou (BA.2.12.1).
A variante Ômicron foi detectada no Brasil algumas semanas após sua primeira descrição na África do Sul, a partir de passageiros que chegaram em São Paulo no fim de novembro de 2021.