Diante do aumento de casos de covid-19 registrado nas últimas semanas no Rio Grande do Sul, dúvidas relacionadas à infecção e à transmissão do coronavírus podem voltar à tona. Afinal, quanto tempo o Sars-CoV-2 fica no organismo e quando o infectado deixa de transmitir a doença?
Atualmente, as respostas para essas perguntas variam de acordo com diferentes cenários, afirma o chefe do Serviço de Infectologia do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA) Eduardo Sprinz. Isso porque há diferença entre quem já recebeu doses de vacinas contra a covid-19 e quem não foi vacinado, por exemplo – o que resulta a em uma transmissibilidade e em uma persistência maior ou menor do vírus.
Para esclarecer, o especialista cita quatro grupos: em um extremo, estão não vacinados, indivíduos com vacinação incompleta ou que receberam a última dose há muito tempo e pessoas que apresentam diminuição das defesas, como imunossuprimidos; em outro, vacinados que receberam a última dose nos últimos oito meses.
— No cenário favorável, que se refere às pessoas totalmente vacinadas, que receberam a última dose no final do ano passado ou neste ano, trabalhamos com a possibilidade de transmissão da doença de, em média, até cinco dias, dificilmente mais do que sete. Essas pessoas vão transmitir menos também — explica Sprinz.
O infectologista acrescenta que, nas pessoas do outro extremo (não vacinadas ou imunossuprimidas), a ideia é que a persistência viral seja mais longa. E, dependendo da gravidade dos sintomas, o vírus pode permanecer no organismo por até 14 dias após o início das manifestações clínicas:
— A persistência viral é maior do que a transmissibilidade. Geralmente, as maiores transmissões se dão ainda quando o indivíduo está sem sintomas ou no início deles. Isso porque tem que ter uma quantidade X de vírus para transmitir. Mas claro que também vai depender da intensidade do contato.
Neste sentido, Sprinz afirma que uma pessoa pode estar infectada, mas ter pouca concentração de vírus no organismo e, portanto, não transmitir a doença. É por este motivo que, atualmente, uma pessoa com esquema vacinal completo e sem diminuição das defesas pode cumprir apenas sete dias de isolamento após o início dos sintomas ou da coleta do teste positivo.
Já indivíduos com esquema vacinal incompleto, em atraso ou não vacinados devem permanecer 10 dias isolados e, imunossuprimidos, 20, conforme orientações da nota informativa do Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs), da Secretaria Estadual da Saúde (SES), publicada em 22 de abril deste ano.
Mas e se, após sete dias, o teste ainda der positivo?
Renato Grinbaum, consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), ressalta que o exame pode dar positivo mesmo depois que a pessoa já está curada da covid-19. Isso acontece porque os testes detectam partículas do vírus, que vão sendo eliminadas aos poucos do organismo. Então, o positivo pode continuar aparecendo por um tempo prolongado – o que não significa que o indivíduo ainda estará transmitindo a doença.
— O vírus costuma ser transmitido por até sete dias após a infecção nos casos leves e moderados. Então, já está demonstrado que é seguro manter o isolamento por esse período e, depois, suspender. Na verdade, a pessoa pode parar de transmitir até antes, mas colocamos um prazo de segurança para ela voltar às suas atividades — esclarece.