Um relatório divulgado nesta quinta-feira (14) revela que a vacinação infantil passa pela queda contínua mais acentuada em quase três décadas. O documento da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) — órgão da Organização das Nações Unidas (ONU) — aponta que a crise da covid-19 e a desinformação estão por trás da diminuição da cobertura vacinal contra outras doenças dentro desse público.
A proporção de crianças que receberam as três doses da vacina contra a difteria, o tétano e a poliomielite (DTP) caiu de 86% em 2019 para 81% em 2021. O imunizante é usado como indicador-chave de cobertura vacinal em todo o mundo. A queda em 2020 e 2021 ocorre após uma década de melhoras.
— Isso é um alerta vermelho para a saúde infantil. Estamos assistindo à maior queda contínua da imunização infantil em uma geração. — declarou Catherine Russell, diretora executiva do Unicef — As consequências serão medidas em número de vidas.
As razões desse declínio são múltiplas: conflitos, aumento da desinformação e problemas de oferta ou continuidade de cuidados relacionados à pandemia do coronavírus. Esperava-se que, a partir de 2021, houvesse uma recuperação, mas as taxas de vacinação continuaram caindo em todas as regiões do mundo. A baixa cobertura levou a surtos evitáveis de sarampo e poliomielite nos últimos 12 meses, segundo o relatório.
A notícia chega no momento em que as taxas de desnutrição também estão em alta. Uma criança desnutrida possui um sistema imunológico mais fraco, portanto é mais propensa a desenvolver casos graves dessas doenças evitáveis.