O Conselho Federal de Medicina (CFM) aprovou, em maio, uma resolução que atualiza e libera a prática da telemedicina de maneira definitiva. Até então, essa forma de atendimento estava liberada provisoriamente devido à pandemia de covid-19. Segundo o CFM, o principal objetivo da regulamentação é facilitar o acesso da população aos serviços de saúde e, assim, desafogar emergências, prontos-socorros e o SUS.
Já na quinta-feira (2), o Ministério da Saúde regulamentou a telessaúde, estabelecendo diretrizes e critérios para a prática, e possibilitando a saúde digital para 323 municípios do Brasil. A partir disso, nesta sexta-feira (3), o quadro Mais Vozes, do programa Gaúcha +, da Rádio Gaúcha, propôs o debate sobre a telemedicina, a partir do questionamento sobre quando essa forma de atendimento pode substituir as consultas presenciais.
O programa ouviu o presidente do Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio Grande do Sul (Cremers), Carlos Sparta, o presidente do Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers), Marcos Rovinski, o presidente da Sociedade de Cardiologia do Estado do RS, Fábio Cañellas, o médico pediatra e associado da Sociedade de Pediatria do RS, José Paulo Ferreira, e o vice-presidente da Sociedade de Oftalmologia do RS, Bruno Schneider, que apresentaram suas opiniões sobre o assunto.
Para Carlos Sparta, presidente do Cremers, e Marcos Rovinski, presidente do Simers, a consulta presencial permanece como o padrão ouro e os médicos tem a autonomia garantida para escolher entre presencial e telemedicina, assim como o profissional e o paciente podem entrar em concordância sobre a melhor abordagem.
O presidente da Sociedade de Cardiologia do Estado do RS, Fábio Cañellas, defende que a telemedicina pode substituir os atendimentos presenciais quando o médico não necessita de exames físicos para definir a conduta, por exemplo, no caso de um paciente com histórico já conhecido pelo profissional ou para apresentação de exames. Ele exemplifica a consulta presencial obrigatória no caso de consultas ortopédicas em que é preciso avaliar a movimentação, ou consultas cardiológicas em que o médico precisa auscultar o paciente.
Pelo ponto de vista da pediatria, o médico José Paulo Ferreira, da Sociedade de Pediatria do Rio Grande do Sul, afirma que a consulta presencial para acompanhamento da criança segue fundamental, mas que a telemedicina pode auxiliar para tirar dúvidas dos pais, como nutrição, desenvolvimento e alimentação, ou em situações de quadros simples, como um resfriado.
Já o vice-presidente da Sociedade de Oftalmologia do RS, Bruno Schneider, entende que a teleconsulta deve ser utilizada para casos de acompanhamento, em que já se estabeleceu previamente uma consulta presencial e se deseja acompanhar o resultado de um tratamento ou procedimento. De acordo com o oftalmologista, uma vez que a especialidade exige o uso de equipamentos específicos, não há um substituto não-presencial para a primeira consulta sem que se exclua possível prejuízo no atendimento.